ATA DA SEPTUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 12.08.1987.
Aos doze dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Septuagésima Nona Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, Jorge Goularte, Kenny Braga, Nilton Comin, Paulo Sant'Ana, Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos e Teresinha Irigaray. Constatada a existência de "quorum", o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Nilton Comin que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da Septuagésima Pitava e da Septuagésima Sétima Sessões Ordinárias, que foram aprovadas, com Retificação do Ver. Frederico Barbosa solicitando que na folha 03 da Ata da Septuagésima Oitava Sessão Ordinária, onde consta "O Ver. Frederico Barbosa falou sobre a legislação hoje vigente..." passe a constar "O Ver. Hermes Dutra falou sobre a legislação hoje vigente...". À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 02 Pedidos de Informações, acerca da obra da Av. Protásio Alves, esquina com a Rua Cel. Lucas de Oliveira; acerca dos obstáculos existentes na calçada da Rua Tobias da Silva, em torno do nº 100; pelo Ver. Ennio Terra, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 68/87 (proc. nº 1726/87), que denomina Terminal Turístico Vereador Carlos Pessoa de Brum o atual Terminal Turístico de Porto Alegre; 01 Pedido de Resolução nº23/87 (proc. nº 1724/87), que concede o título honorífico de Cidadão emérito ao Sr. Demósthenes Gonzalez; pela Verª. Gladis Mantelli, 01 Pedido de Informações, acerca do plano de localização e construção de prédios escolares para 1987, dentro do Convênio educacional "Nenhuma Criança sem Escola"; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido de Providências, solicitando troca de lâmpadas queimadas na rua Georgia, nas proximidades do nº 40. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 689/87, da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte; 1438/87, da Câmara Municipal de Itapetininga, SP; Carta da Sra. Diretora Geral da Juventude Universitária Católica JUC - Casa 7, desta Capital; Circular da 114ª Zonal do Partido Democrático Trabalhista. Em prosseguimento, o Sr. Presidente deu conhecimento ao Plenário do Parecer do Sr. Auditor-Geral da Casa acerca da Notificação Judicial contra o Município de Porto Alegre e a Câmara Municipal de Porto Alegre, referente a urbanização de glebas de terras no local conhecido como Morro do Osso, conforme proc. nº 1180/83 - Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/83, impetrado por Solo - Incorporações Imobiliárias Ltda. Na ocasião, o Sr. Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Isaac Ainhorn, acerca da possibilidade de procedimento judicial contra a Requerente da Notificação acima referida. Em COMUNICAÇÂO DE LÍDER, o Ver. Antonio Hohlfeldt discorreu acerca dos aumentos das tarifas do transporte coletivo urbano concedidos pelo Governo Federal, destacando não serem os mesmos de competência da área federal e dizendo da importância de que esta Casa leve ao Sr. Prefeito Municipal seu posicionamento acerca do assunto e seu apoio político a S.Exa. na tomada de medida contrária a estes aumentos. Em GRANDE EXPEDIENTE o Ver. Nilton Comin falou sobre o aumento da produção de alimentos incentivado pelos órgãos governamentais, lamentando que, paralelamente, aumente no Brasil o número de pessoas que mal conseguem o alimento necessário para garantir sua sobrevivência e destacando que, em nosso País, o poder econômico se encontra acima do poder político, o que dificulta uma tomada mais concreta de medidas que possam modificar a situação de miséria em que vive o povo brasileiro. Manifestou-se contrário à extinção do Sesc e do Senac, em face dos benefícios que estas entidades trazem para o aperfeiçoamento profissional do trabalhador. O Ver. Isaac Ainhorn posicionou-se contrário ao aumento concedido pelo Governo Federal às tarifas do transporte coletivo urbano, salientando que esta medida não leva em consideração as peculariedades de cada área e analisando os vários aspectos envolvidos na questão. Criticou pronunciamento feito hoje, pelo Sr. José Alberto Guerreiro, Presidente da Associação de Empresas de Transporte Coletivo em Porto Alegre, onde S.Sa. anunciou o aumento tarifário sem que o mesmo tenha sido decidido pelo Sr. Prefeito Municipal. O Ver. Pedro Ruas comunicou ter ingressado na Casa com um Projeto de Lei que regulariza a falta de troco no transporte coletivo, estabelecendo que, quando isso ocorrer, o usuário ficará isento do pagamento da tarifa devida, discorrendo a respeito. E o Ver. Adão Elizeu reportou-se às discussões que vêm se realizando em todo o País, acerca da falta de segurança observada principalmente nas grandes, atentando para o grande número de crianças abandonadas hoje existentes no Brasil e que acabarão, caso não sejam tomadas medidas que mudem este quadro, transformando-se em novos marginais. Analisou aspectos econômicos, políticos e sociais responsáveis pelo alto grau de violência observado em nosso País. A seguir foi aprovado Requerimento oral da Presidência, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se ao período de PAUTA. Em Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 64/87; Projetos de Resolução nºs 21/87, discutido pela Verª. Teresinha Irigaray; 18/87, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; 19; 20; 22/87, discutido pelos Vereadores Hermes Dutra e Teresinha Irigaray; Projetos de Lei do Executivo nºs 48; 40; 41; 45; 46, 47; Projetos de Lei do Legislativo nºs 50: 53; 54; 55; 56; 62; 61/87, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 01/87; em 2ª Sessão, Projeto de Resolução nº 16/87; Projetos de Lei do Legislativo nºs 51/87, discutido pelos Vereadores Hermes Dutra e Frederico Barbosa; 52; 57; 58/87; Projetos de Lei de Executivo nºs 43; 44/87; em 3ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 29: 41; 46; 47/87; Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 06/87; Projetos de Lei do Executivo nºs 38; 39/87; Projeto de Resolução nº 17/87, discutido pelos Vereadores Hermes Dutra e Teresinha Irigaray. A seguir, o Ver. Paulo Sant'Ana solicitou que a Mesa reuna as Lideranças da Casa para que seja viabilizado o "quorum" necessário para a votação dos projetos constantes da Ordem do Dia. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Aranha Filho, acerca da solicitação do Ver. Paulo Sant’Ana acima referida. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 28/87, com Emenda do Ver. Cleom Guatimozim, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Hermes Dutra e Jorge Goularte. Em discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/87. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei do Executivo nº 63/86, que foi retirado nos termos do art. 44 da Lei Orgânica Municipal, a Requerimento, aprovado, Sr. Prefeito Alceu Collares. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 17/87 e o Projeto de Resolução nº 14/87. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Cleom Guatimozim, acerca do ofício encaminhado à Casa pelo Prefeito Alceu Collares, solicitando a retirada do Projeto de Lei do Executivo nº 63/86, que foi retirado nos termos do art. 44 da Lei Orgânica Municipal, a Requerimento, aprovado, do Sr. Prefeito Alceu Collares. Em Discussão Geral e Votação foram aprovados o Projeto de Lei do Legislativo nº 63/86. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Auro Campani, de Voto de Pesar pelo falecimento de Ody Ramos; do Ver. Artur Zanella, de Voto de Pesar pelo falecimento de Almo Alberto Dullius; da Verª. Bernadete Vidal, solicitando a realização, dia vinte de corrente, às dezesseis horas, de uma Sessão Solene em homenagem aos vinte e cinco anos da APAE; do Ver. Brochado da Rocha, solicitando a realização de uma Sessão Solene, dia treze de outubro do corrente, às dezesseis horas, para homenagear o 35º aniversário da Faculdade dos Meios de Comunicação Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 46/87 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Urbanização, Transportes e Habitação e de Finanças e Orçamento; solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 47/87 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Urbanização, Transporte e Habitação e de Finanças e Orçamento; do Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 28/87 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Ennio Terra, de Voto de Congratulações com o Sindicato dos Empregados, com Hoteleiros e Similares do Estado do Rio Grande do Sul, pela comemoração do Dia do Garçon; do Ver. Frederico Barbosa, solicitando que o Projeto de Resolução nº 14/87 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; pela Verª. Gladis Mantelli, de Votos de Congratulações com o Jornal Zero Hora, pela sua adição 8.000; com os Advogados, pela passagem do Dia dos Advogados; com os Economistas, pela passagem do Dia do Economista; do Ver. Hermes Dutra, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/87 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstícios para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 17/87 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Isaac Ainhorn, de Voto de Pesar pelo falecimento do Dr. Ibaré Caetano; do Ver. Jorge Goularte, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Rute Passarinho; do Ten. Cel. Hyder Freire Nunes; de Maria de Albuquerque Pereira; do Ver. Lauro Hagemann, solicitando a realização de uma Sessão Solene no dia cinco de novembro do corrente ano, às dezesseis horas, em comemoração ao 70º aniversário da primeira Revolução Socialista realizada na história da humanidade; do Ver. Mano José, de Votos de Pesar pelos falecimentos de Orlando Girardi Vanin; de Adriano Teixeira; do Ver. Hermes Dutra, de Votos de Congratulações com o Sr. Jorge Luís Maia Squeff, por sua eleição para Secretário do Lyons Clube Porto Alegre, Petrópolis; com o Sr. Luiz Carlos de Barros Morem, por sua eleição para Tesoureiro do Lyons Clube de Porto Alegre, Petrópolis; com o Conselho Regional de Administração, 10ª Região, RS, pela Semana do Administrador; com Di Primio Propaganda, pela instalação da nova agência de propaganda; com o ver. Mosar da Costa, por sua eleição para a Presidência da Associação Gaúcha dos Vereadores do PDS, RS; com a Rádio Gaúcha, pelo lançamento da Campanha "Menos Violência, Mais Segurança"; com Sr. Rudi Raguse, por sua eleição para Presidente da Divisão L-8 E-1, em Butiá; com o Sr. Dirceu Fornari Costa, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 E-1, em Triunfo; com o Sr. Helio Seraphim Flores Lovatto, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 A-1, em Porto Alegre; com o Sr. José Maria dos Santos, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 A-2, em Porto Alegre; com Sr. Lenine Balbueno, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 B-1, em Porto Alegre; com o Sr. Nilo Bernardi, pela sua eleição para Presidente da divisaoL-8 B-2, em Porto Alegre; com o Sr. João Almeira, pela sua eleição para Presidente da divisão L-8 C-1, em Torres; com Sr. José Jair Madruga, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 I-2, em Piratini; com o Sr. Fernando Maria Branco, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 I-1, em Bagé; com o Sr. Santiago E. Moreira, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 H-2, em Santa Vitória do Palmar; com o Sr. Gustavo Ernesto dos Santos Cramer, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 H-1, em Rio Grande, RS; com o Sr. Aurélio Moacir Farias, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 F-1, em Camaquã; com o Sr. Ivo José Zamuner, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 F-2, em Tapes; com o Sr. Cláudio Miguel Valério Magalhães, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 G-1, em Pelotas; com o Sr. Carlos Danilo Rodrigues de Moraes, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 G-2, em Jaguarão; com o Sr. Paulo Roberto Andriotti Hanszel, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 C-2, em Santo Antonio da Patrulha; com o Sr. Bruno Paulo Herbert, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 B-3, em Cachoeirinha; com o Sr. Léo Domingues, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 A-3, em Canoas; com o Sr. João Carlos Alves da Silveira, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 D-2, em Rio Pardo; com o Sr. Juarez da Rosa Teixeira, pela sua eleição para Presidente da Divisão L-8 D-1, em Caçapava do Sul; com o Sr. Fábio Norberto Emmel, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 D, em Sobradinho; com o Sr. Carlos Ivan Lobato, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 F, em São Lourenço do Sul; com o Sr. Sílvio Wilson Krüger, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 E, em Guaíba; com o Sr. Raul da Silva Tavares, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 H, em Rio Grande; com o Sr. Sérgio Luiz Louzada, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 G, em Pelotas; com o Sr. Claver Santos de Leon, pela sua eleição para Vice-Goovernador da Região L-8 I, em Bagé; com o Sr. Leonardo Van Den Broek, pela sua eleição para Vice-Governador da Região L-8 C, em Osório; com o Sr. Élido Gomes Martins, pela sua eleição para Vice- Governador da Região L-8 B, em Porto Alegre; com o Grupo Escoteiro Léo Borges Fortes; com a Associação dos Diretores Lojistas de Porto Alegre; com a Rádio Cultura de Gravataí; com a Rádio Bandeirantes; com TV S – Canal 5; com a Sociedade Rádio Cultura Cacequiense Ltda., pelas passagens de seus aniversários. Ainda em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon congratulou-se com o Governador Pedro Simon, em nome do PMDB, pela sua atuação no episódio dos Sem-Terra em nosso Estado, no dia de ontem. Disse que a data de ontem marca uma virada histórica no problema da reforma agrária no Brasil e que o Governador Pedro Simon deu o exemplo ao colocar a terra nas mãos dos que dela necessitam. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jorge Goularte analisou o problema da violência urbana em nossa Capital, destacando a necessidade de medidas urgentes para a minimizar este problema. Mostrou-se favorável à pena de morte no País, com algumas ressalvas, discorrendo a respeito. A Verª. Bernadete Vidal solicitou providências do Governador Pedro Simon e do Secretário de Educação para que sejam resolvidos os problemas atinentes à Fundação de Atendimento ao Excepcional, tais como a nomeação de um Diretor Técnico e um Diretor Administrativo, uma vez que até o momento aquela instituição não tem ninguém nomeado para os cargos. O Ver. Flávio Coulon reportou-se ao pronunciamento de hoje, da Verª. Bernadete Vidal, ratificando o posicionamento de S.Exa. e dizendo que é realmente lamentável que os cargos técnicos da FAERGS ainda não tenham sido preenchidos. Discorreu sobre am programação de férias da UFRGS, dizendo da sua satisfação em ver que aquela entidade vem se integrando no panorama cultural de nossa Cidade e congratulando-se com o Reitor Francisco de Souza Ferraz pelo seu trabalho frente a mesma. Às dezesseis horas e dezoito minutos, constatada a inexistência de "quorum", o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray, Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Aranha Filho e Jorge Goularte, os dois últimos nos termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Frederico Barbosa e Auro Campani, o último como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): A Mesa dará conhecimento ao Plenário, a
seguir, do teor do Parecer do Sr. Auditor Geral desta Casa acerca da Notificação
Judicial contra o Município de Porto Alegre e este Legislativo, referente à
urbanização de glebas de terras no local conhecido como Morro do Osso, conforme
Proc. nº 1180/83 - PLCE nº 04/83. (Lê.)
"Sr. Presidente:
Informo-lhe, à vista do
Processo (reconstituído) nº 1180/83, que contém o PLCE nº 04/83, referido nesta
Notificação Judicial, o seguinte:
1º - O prazo prorrogado para a
Comissão Especial prolatar parecer, segundo o despacho de fls. 69, acha-se
expirado.
2º - A ata de instalação de
fls. 27 informa que o Vice-Presidente da Comissão Especial é o Sr. Vereador
Hermes Dutra.
3º - A presente Notificação
Judicial deve ser levada ao conhecimento da Câmara plena, após o término do
recesso ora em curso até 31.07.1987.
4º Descabe resposta desta
Câmara no processo judicial (ora em fase de simples Notificação Judicial). Se
intentada ação principal, então poderá este Legislativo prestar informações
sobre o andamento do processo legislativo e as que, por ventura, forem
solicitadas pela autoridade judicial.
Estas são as informações que
cabiam a esta Auditoria registrar neste processo, por ora.
Em 22 de julho de 1987
(a) Miguel Hamann
Pinheiro, Auditor-Geral."
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Como Vereador desta Casa, desconhecia a
situação desse Processo. Embora a notificação judicial seja um procedimento que
não cabe a contra-notificação, não se pode fazer contestações, eu entendo que
assiste razões de mérito a esta Casa, com relação a este Processo, ela pode ser
ilidida, esta notificação, através de um outro procedimento judicial. Eu remeto
esta consulta à Mesa, para que ela formule à Auditoria, se não é possível um
procedimento judicial contra os requerentes da presente notificação, porquanto
entendo que, na forma em que a notificação está - e é um procedimento judicial
- coloca em mora a Câmara de Vereadores, embora não esteja em caso de
contestação. Sou grato.
A SRA. PRESIDENTE: A sugestão de V. Ex.ª será encaminhada, e o objetivo da leitura
foi de que, exatamente, os Vereadores desta Casa tomassem conhecimento desse
procedimento.
Liderança com PT, Ver. Antonio
Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, noticiou-se ontem à noite que
o Ministro da Fazenda, Bresser Pereira, imiscuindo-se na chamada autonomia
municipal, e, portanto, quebrando, investindo contra aquilo que define com
absoluta clareza a Constituição brasileira, definiu o aumento tarifário entre
Cz$ 1,00 e Cz$ 1,50, para as tarifas urbanas de transporte coletivo em todo
Brasil. Ouvi nos últimos dois ou três dias, também, manifestações do Sr.
Secretário Municipal dos Transportes, Ver. Elói Guimarães, e também do Ver.
Isaac Ainhorn, como Presidente da Comissão de Transportes desta Casa,
contrárias a que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre fizesse esse repasse. E
sabemos que, entre hoje e amanhã, o Sr. Prefeito Municipal deverá definir a sua
posição. Eu gostaria de deixar aqui bem claro que acho muito importante que os
Vers. Elói Guimarães e Isaac Ainhorn se manifestem contrários à medida, no que,
aliás, tem o meu absoluto apoio, mas acho que devemos ir além dos discursos e
devemos buscar uma posição prática. De maneira que eu queria sugerir
formalmente ao Ver. Isaac Ainhorn, como Presidente da Comissão de Transporte,
que nós marcássemos audiência com o Sr. Prefeito Municipal - e me lembra o Ver.
Zanella, também da Comissão de Economia e Defesa do Consumidor - para, entre
hoje, ou amanhã, irmos ao Prefeito Municipal. Caso tenhamos uma posição de
maioria nas duas Comissões, apresentemos a S. Ex.ª a posição da Câmara
Municipal, já que a Câmara não vota mais sobre a questão tarifária, mas
evidentemente é parte do poder municipal, possamos dizer a S. Ex.ª que caso ele
se defina sobre a autonomia municipal e em favor do usuário do transporte
coletivo terá o apoio desta Casa, terá o apoio dos Vereadores desta Casa,
independente das posições eventuais de situação ou de oposição. Hoje, a decisão
final, cabe ao Sr. Prefeito, mas acho que será importante que esta Casa, que os
Vereadores que se têm notabilizado ao longo do tempo pela discussão sobre
transporte coletivo da Cidade, agora, mais especificamente o titular da SMT, e
o Presidente da Comissão de Transportes da Casa, deixando claras as suas
posições, passemos do discurso, da palavra, para a ação prática e que possamos
levar ao Sr. Prefeito Municipal o apoio político do Legislativo caso S. Ex.ª,
como dizia, tenha a coragem da autonomia, que é assegurada pela Constituição, e
tenha o respeito pelo interesse do usuário que paga caro por um transporte mal
realizado. Basta lermos os jornais da última semana e, principalmente, o de
ontem, para vermos a evidência deste mau serviço, na medida em que a própria
SMT revela que multou mais que a metade dos ônibus nas empresas de transporte
coletivo da Cidade de Porto Alegre, que evidencia o ultrapassamento de sinal,
não cumprimento de horário, excesso de lotação, não cumprimento dos trajetos
predeterminados. Acho que se justifica, plenamente, este nosso diálogo com o
Sr. Prefeito, para que não fique o Prefeito isolado ou alguns Vereadores se
colocando pessoalmente sobre a questão, mas que se tome uma decisão que terá um
caráter eminentemente político.
Nesse sentido é que faço esta
colocação ao Ver. Isaac Ainhorn. Entendo que a manifestação de S. Ex.ª, em
caráter particular, individual, eis que o assunto não foi discutido na
Comissão, pode, no entanto, ganhar um outro foro, uma outra dimensão, que é a
dimensão da própria Comissão. E neste sentido - não sei a posição do Ver.
Frederico Barbosa, do Ver. Pedro Ruas, do Ver. Paulo Sant'Ana -, mas acho que
se tivermos a posição de consenso ou a posição de maioria a respeito de
garantirmos autonomia municipal ou seja, que o Ministro não tem condições, não
tem poder de se intrometer nas questões estritamente afetas ao Município, e é
esta a questão típica do transporte coletivo, devemos lutar para que se garanta
este direito. E se os Srs. empresários não gostarem da posição do Executivo,
respaldada pelo Legislativo, que busquem o Judiciário, e que o Judiciário se pronuncie,
se o Ministro ou até mesmo o Presidente da República, podem ir contra a
Constituição e definir aquilo que é competência exclusiva, no caso o transporte
urbano, dos prefeitos, e no caso do transporte intermunicipal, do Governador,
através dos departamentos autônomos de estradas e rodagem, como é o caso do Rio
Grande do Sul. Acho que não podemos aceitar é que se repita a experiência da
ditadura, quando o CIP interveio na definição tarifária, e que ditou regras ao
longo de mais ou menos uma década, já que foi de 71 até 79. É esta a proposição
sobre a qual, gostaria de ouvir, posteriormente, a manifestação do Ver. Isaac
Ainhorn. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Passa-se ao
GRANDE EXPEDIENTE
O Ver. Nilton Comin está com a
palavra por 15 minutos.
O SR. NILTON COMIN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Um assunto que vou tratar hoje
diz respeito a todos nós, brasileiros: vou falar sobre alimentos.
Um automóvel, para funcionar,
precisa de um mínimo de combustível para impulsioná-lo; um homem ou uma mulher,
para viver, necessitam de um mínimo de alimentos para poderem sobreviver. A
Organização Mundial de Saúde fala em 2.400 calorias que uma pessoa deve
consumir diariamente. Nós sabemos que as crianças brasileiras que freqüentam os
colégios de bairros pobres, o fazem mais pela merenda escolar, porque ali elas
têm o que não têm em suas casas. Estou verificando que tivemos agora a maior
produção de gansos no Rio Grande do Sul e no Brasil. Mas, para que essa grande
produção? É para os brasileiros alimentarem-se melhor? Ou é para se mandar uma
parte para o estrangeiro? Para quê uma maior produção? Até agora não entendi
para que produzir-se mais, porque se nós aumentamos o número de famintos -
temos 35 milhões de famintos - se nós aumentamos o número de mortalidade
infantil, então, para que produzir mais?
É que estou percebendo, Ver.
Kenny Braga, que acima dos partidos políticos, das grandes lideranças
nacionais, como tem o partido de V. Ex.ª o Dr. Brizola e outros grandes líderes
nacionais, existe uma outra estrutura que está acima do poder político e essa
estrutura está arraigada neste País há muitos anos. Na Carta-Testamento de
Getúlio Vargas, qual a mensagem que traz? "O povo, de quem fui escravo,
não será escravo de ninguém". E as coisas continuam por aí, cada vez
aumentando mais a miséria. Trinta e cinco milhões de miseráveis, famintos. A
mortalidade infantil, no Rio Grande do Sul, dizem que é de 39 por mil, mas nas
vilas chega a 200 mil.
Eu falando, ontem, com o
Diretor da Vigilância Sanitária sobre um pronunciamento que fiz aqui na Casa,
sobre enlatados, latas amassadas, conservas e perguntei qual era a atuação
deles. Ele disse que recolhem e jogam no lixo. Só que não jogam no lixo as
latas que recolhem e sabem por quê? Porque os catadores do lixo usam aquele
produto. Os catadores do lixo usam os produtos das latas amassadas. E eles
estão colocando creolina e óleo queimado e isto é uma vergonha nacional e para
nós Vereadores da Capital. Eu me sinto um pouco culpado com isto que acontece.
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O
pronunciamento de V. Ex.ª, Ver. Nilton Comin, é muito oportuno. No momento em
que se discute o aumento da criminalidade nas grandes cidades é necessário que
se focalize justamente isto: o responsável direto pelo aumento da criminalidade
em todas as regiões urbanas do Brasil é o empobrecimento constante da população
brasileira, é a miséria que campeia nas vilas periféricas das grandes cidades
do Brasil.
Eu vejo, Vereador, que estão
se invertendo as discussões sobre este assunto. Discute-se, hoje, a necessidade
de a população se armar. Elogia-se cursos para atiradores improvisados.
Criou-se uma verdadeira paranóia da segurança e não se está atentando para a
verdadeira raiz do problema da violência dos centros urbanos do Brasil que é a
miséria do povo brasileiro. Se nós continuarmos neste tipo de discussão,
Vereador, nós chegaremos, aqui no Brasil a uma situação existente hoje na
África do Sul, se bem que por razões diferentes. De um lado os brancos, os
"farmers", que são uma minoria encarcerada no poder, e dona do poder
econômico e de outro lado a esmagadora maioria da população negra que deseja a
liberdade.
Aqui no Brasil vai-se criar,
de um lado, cercado pela segurança, nas suas mansões, uma elite, uma minoria
que domina tudo no Brasil e ao redor das mansões da minoria a esmagadora
maioria da população miserável tentando o avanço sobre estas mansões. Nós
chegaremos a isto, inevitavelmente, se não atentarmos para a verdadeira razão
da falta de segurança nas grandes cidades que é a miséria constante, permanente
do trabalhador brasileiro que não tem mais como sustentar a sua família e que a
todos os meios, inclusive os meios violentos, para sobreviver.
Então, acho que o pronunciamento
de V. Ex.ª , nesta linha de raciocínio, é muito oportuno, aqui na Câmara
Municipal de Porto Alegre e oxalá que outros parlamentares tivessem a
oportunidade de fazer a mesma coisa, porque nós estamos bordejando o problema.
Nós não estamos atacando o problema como realmente ele é. Então, tentamos
soluções, vamos armar a população. Para que aramar a população se a maioria da
população continua miserável, desassistida e marginalizada.
O SR. NILTON COMIN: Eu concordo com V. Ex.ª e digo mais, neste País não existe
seriedade em números, estatística e nem amostragem. Eu às vezes me pergunto, a
grande causa de óbitos é a subnutrição. Então, a pessoa que é subnutrida tem
uma cadeia: é subnutrida, adquire a doença, vai para o hospital e morre. Eu
pergunto o que é mais importante: nutrir esta pessoa e diminuir o número de
hospitais ou deixar subnutrida e aumentar o número de hospitais?
Mas um Vereador, por mais
força que tenha, por mais poder, por mais visão, não tem poder para tomar
medidas práticas na hora. Ele pode conscientizar o público de que tem, porque é
uma falácia, quando se fala em medicina curativa: hospital. Hospital é
importante, por exemplo, o Hospital para coração, para neurologia, para
ortopedia, mas hospital para subnutrição.... Eu trabalhei 20 anos num hospital
e lá eu assisti a casos os mais chocantes até para se contar, mas eu tenho a
coragem de contar porque são 20 anos de hospital. Eu trabalhava no laboratório
que fazia exame de escarros para tuberculose. Então, classificávamos os exames
e toda vez que exame era negativo, através do tratamento que era dado, eu
ficava satisfeito em ver que o nosso hospital estava curando os doentes. Porém,
muitas vezes eu observava que uma pessoa que estava negativa, no segundo mês
apresentava-se positivo com três, quatro cruzes. Então, sabíamos o que estava
ocorrendo. Ele fazia simplesmente o seguinte: para não perder a comida do
hospital, a comida, ele pegava os escarro contaminado do seu vizinho. Isso é
triste para nós. Uma pessoa estar curada e pegar o escarro contaminado, colocar
na sua boa, por causa da comida. Então, nós fazíamos ele escarrar na nossa
frente. Ele declarava, no momento de sair: "é doutor, mas eu vou voltar,
porque eu não tenho o que comer, sou de família pobre e não tenho uma
profissão."
Essas coisas, e como disse
nobre Vereador, fala-se em curso daqui, dali, defesa, metralhadora, mocinho,
filme. Mas, a realidade está no Sanatório Partenon. Os problemas estão lá.
Falam em extinguir o SENAC, o SESI, mas como? São instituições que criam
profissionais do mais alto gabarito como torneio mecânico, garçons,
cozinheiros.
Gostaria muito de que um dia,
nesta Cidade, àqueles que afirmam não haver miséria, àqueles que vivem bem, que
formassem uma fila para os que não comem. E, então, veríamos as milhares de
pessoas lá. E olharíamos quem? Rapazes e moças, que trabalham no comércio, que
têm vestimentas adequadas, porém comem um cachorro-quente durante todo o dia. A
sociedade capitalista exige, em primeiro lugar, as condições fundamentais para
certas organizações, então, a garota deve estar bem arrumada, bem-vestida, mas
a empresa não se preocupa com sua alimentação, mas apenas em faturar em cima
deles. Aí, vem o ciclo de subnutrição, hospital, doença, morte.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) De público,
afirmo que sou fã de seus pronunciamentos, porque V. Ex.ª sempre aborda
problemas fundamentais, prioritários e básicos, o problema alimentação que V.
Ex.ª aborda nesta tarde, realmente, é um problema angustiante e preocupante,
porque é básico, tanto na criança quanto no adulto Porque a criança desnutrida
não tem condições de vencer absolutamente nada, pois quando vai para o primeiro
ano na escola e vem de um lar angustiado, sem condições, sem nutrição, ela não
tem condições de vencer a barreira do primeiro ano. Então é a grande evasão
escolar vem desta subnutrição da criança que vai para o primeiro ano. O adulto
que não tem condições, também, ele não consegue resistir aos tempos que nós
vivemos. Então, estamos com uma superpopulação de gente, desdentada, porque são
subnutridos, chegam aos 30 anos sem dentes; crianças barrigudas porque comem
terra, enfim uma geração inteira, Ver. Nilton Comin, à espera de um governo que
se preocupe com esse problema básico que é a alimentação. E com essa subida
vertiginosa dos alimentos, que diariamente constatamos, não há condições se não
houver uma política enérgica, eficaz, eficiente, que dê atenção para tudo isso.
Agora, se todos os políticos
fossem de boa vontade, bem formados, e bem qualificados e preocupados, como V.
Ex.ª, que se preocupa dessa forma, teremos condições de vencer alguma coisa. Me
parabenizo com o pronunciamento de V. Ex.ª que sempre é um pronunciamento de
grande raciocínio e de grande tirocínio político.
O SR. NILTON COMIN: Sou grato a V. Ex.ª. Vejam bem, será que a Cidade de Porto
Alegre, através da inteligência dos seus Vereadores dão início a uma discussão
sério sobre o assunto. Algumas premissas são colocadas para aquelas pessoas que
chegam do interior. Porque algumas pessoas vêm do interior, porque o meio rural
frustra.
Ontem, ouvi uma notícia que me
chamou a atenção, acho que os outros Vereadores, também, ouviram: Um
trabalhador que tirou um empréstimo num banco, Cz$ 250.000,00 para comprar uma
máquina ou um trator foi preso, pois duzentos e cinqüenta mil chegaram a
novecentos mil e ele foi preso.
Mas, que país é este em que
vivemos, que ninguém diz nada ninguém faz nada e a cisa continua como está.
Estou chegando à conclusão de
que não são os partidos políticos, que não é o fulano ou o beltrano o salvador
da Pátria, o Pelé da política, não, estou chegando à conclusão de que,
realmente, neste capitalismo selvagem em que nós vivemos, não vai haver Líder
que possa suplantá-lo. Eu espero e desejo que as gerações futuras bem
alimentadas, que são raras neste País, tenham a cabeça e hombridade para olhar
um pouco os nossos irmãos. Eu não sei aonde nós vamos chegar!
Eu quero dizer o seguinte: eu
pertenço a uma sigla partidária que não fui eu que escolhi. As siglas que estão
aqui nenhum Vereador escolheu, foram impostas. O MDB passou para PMDB. Todos os
Partidos têm gente digna. Eu não sou daqueles que acham que o Sr. Leonel
Brizola é o Pelé da política. Acho um cidadão digno, um grande político, mas
acho que só ele, se nós não mudamos a estrutura deste País, não terá condições
de ser o Líder nacional que todos nós gostaríamos que fosse. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Com a palavra Ver. Isaac Ainhorn pelo
tempo que lhe cede o Ver. Paulo Sant'Ana.
O SR. ISAAC AINHORN: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, o assunto da semana,
evidentemente, é transporte coletivo. E transporte-colono. Mas na competência
dos assuntos municipais, realmente, o assunto é transporte coletivo.
Sobre o transporte coletivo,
gostaria de fazer algumas considerações, em primeiro lugar, quero me posicionar
contra qualquer aumento na tarifa do transporte coletivo na Cidade de Porto
Alegre, que está sendo imposto, mais uma vez, pelo governo federal, goela
abaixo dos Prefeitos Municipais deste País. O Governo Federal está pondo goela
abaixo dos Prefeitos Municipais, a nova tarifa. Quando eles dizem que
liberaram, quando as autoridades federais falam em até Cz$ 1,50, eles estão, na
realidade um aumentando a tarifa em Cz$ 1,50, indiscriminadamente em qualquer
ponto do território nacional, não levando em conta as peculiaridades regionais,
como no caso de Porto Alegre, onde a tarifa está Cz$ 6,50 e, no nosso entender,
deveria ficar neste patamar, razão pela qual temo-nos manifestado contra o
aumento, o que não é a realidade do Rio de Janeiro. Quando o Governo Federal
quis dar Cz$ 1,00 de aumento na tarifa do transporte coletivo de lá estavam
pleiteando Cz$ 1,20, e diziam que assim estava ótimo. Eles enfrentaram o
problema e conseguiram ficar satisfeitos.
Sou contra o aumento da tarifa
do transporte coletivo da Cidade de Porto Alegre, e contra essa posição do
Governo Federal, que está impondo o aumento goela abaixo dos Prefeitos. Diz que
é uma autorização, mas sabemos do profundo grau de coercitividade que tem,
porque a ameaça de paralização dos srs. empresários já foi posta na rua,
tentando tumultuar a vida da Cidade. Agora, empresários lutar por aumento de
passagem, até aí tudo bem! Os empresário estão aí mesmo, para tirarem o máximo
lucro possível, eles têm um capital investido e querem tirar máximo de lucro em
cima disso. Até aí, é um direito que lhes assiste. Mas, eles estão indo longe
demais.
O Sr. Guerreiro, no noticiário
da uma hora - e pasmem V. Ex.as - Presidente
da Associação das Empresas de Transporte Coletivo de Porto Alegre está indo
longe demais. O Sr. José Alberto Guerreiro teve a petulância, e faço esta
denúncia da tribuna desta Casa, com a responsabilidade de um parlamentar desta
Cidade, de anunciar o aumento do transporte coletivo de Porto Alegre. No
repórter da uma hora da tarde, ele anunciava o aumento da tarifa, a partir de
amanhã, ou a partir do dia 16. Quem é o Sr. Guerreiro, ou quem ele pensa que é,
para estar anunciando aumentos de tarifas de transporte? Ele se esqueceu de que
existem, no Município, poderes legalmente constituído? Ele se esqueceu que
existe um Prefeito Municipal, eleito pelo povo? Ele se esqueceu que existe uma
Câmara Municipal? É muita petulância! E a posição deste senhor está mesmo
demais, inclusive, extremamente dúbia, porque ao mesmo tempo em que os
empresários do transporte coletivo - aliás num direito que lhes assiste - estão
pleiteando o aumento das tarifas, pleiteando, também, isenção de ICM, de IPI
para veículos, estão pedindo preço de refinaria para o óleo Diesel, prazo de
pagamento para este óleo, etc... Ora, quem pretende todos estes favores do
Governo - que eu acho que até seriam corretos - mas quem pretende todos estes
favores, não pode pleitear aumento de tarifa. Pleitear aumento de tarifas e
pleitear subsídios é uma imoralidade! Nós temos dito aqui desta tribuna,
reiteradas vezes, que as alternativas do transporte coletivo encontram-se no
caminho do vale-transporte, o subsídio, etc. Nós sabemos que a situação é de
aperto para todos os seguimentos empresariais e acreditamos, até, que eles não
estão ganhando tanto dinheiro como estavam ganhando, mais, pleitear aumento de
tarifa e vários subsídios, aí é demais. Aí a coisa se coloca no plano da
imoralidade e, com isto, nós não concordamos; aliás, as portas da Comissão de
Transporte, a qual presido, estão abertas para esclarecimentos de todos os
segmentos empresariais, sindicais, comunidade para ouvir as intervenções de
todas as pessoas que têm participação no problema do transporte coletivo;
agora, não podemos concordar com a atitude dúbia dos empresários do transporte
coletivo que estão pleiteando, de um lado, aumento de tarifa e, de outro lado,
subsídio. Pessoalmente, tenho uma posição ao lado do subsídio, de isenção para
que sistematicamente não se verifique o fenômeno, o fato, a situação de que
todos os repasses de tarifa sejam dirigidos ao usuário que sempre acaba pagando
o pato por um serviço de má qualidade e que está a desejar.
O Sr. Pedro Ruas: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac Ainhorn, dou
ênfase também à petulância desse cidadão que representa, infelizmente, uma
liderança reconhecida no meio empresarial, mas que ameaça o locaute do serviço
de transporte público coletivo de Porto Alegre, criando para toda a população a
síndrome do pânico, de nova paralização em função de reivindicações dos
empresários que ganharam há mais não poder, tiveram sempre lucros exorbitantes
nas tarifas e, agora, vêm ameaçar a população de Porto Alegre com o locaute. É
muita petulância desse cidadão! Parabenizo V. Ex.ª pelo pronunciamento.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Isaac,
V. Ex.ª Presidente da Comissão Permanente de Transporte e Habitação da Câmara,
e fiel defensor, me lembro como se fosse hoje, da modalidade da nova
metodologia de cálculo das tarifas do transporte da Cidade de Porto Alegre;
tarifa hoje está em 6,50 e querem empresários um aumento, ou dizem que vem lá
de cima autorização para mais um cruzado - não quero entrar no mérito, não
estou defendendo o aumento da passagem - mas gostaria de saber de V. Ex.ª, já
que existe a nova metodologia de cálculo, qual seria o preço da passagem hoje,
pelo cálculo. Quando foi aprovado aquele plano aqui, era para se ter
computadores e se saber, no dia em que se quisesse. No momento em que se
quisesse, o custo da passagem em Porto Alegre. Se isto não foi feito, nobre
Vereador, se V. Ex.ª não sabe, pelo amor de Deus, votar leis na Câmara de
Vereadores, pelo simples fato de votar, é brincadeira.
O SR. ISAAC AINHORN: Vereador, quero lhe dizer, primeiramente, que realmente defendi a
criação, a implantação, o projeto de implantação de uma metodologia de cálculo
para a tarifa do transporte coletivo.
O Sr. Aranha Filho: Solicitaria de V. Ex.ª, como Presidente da Comissão de Transporte
da Câmara de Vereadores, que, nesta situação, correligionário, Prefeito
Municipal, e do Secretário de Segurança, Secretário Municipal de Transportes,
perguntasse a S. Ex.ª qual é o custo da passagem média, para Porto Alegre, pela
nova metodologia de cálculo para a tarifa de transporte coletivo.
O SR. ISAAC AINHORN: Quero dizer a V. Ex.ª dizendo o seguinte: fui um dos defensores
da implantação desta metodologia de cálculo na Cidade de Porto Alegre. É
verdade. Mas hoje, o que se coloca é uma situação que, em Direito, em Teoria
Geral do Direito, nós, advogados, sustentamos que a situação é de força maior,
e transcende a todas as situações regulares, normais e legais. A situação é a
seguinte: é que o povo, a população que usa o transporte coletivo, não pode
pagar a tarifa reajustada, porquanto seus salários estão congelados. "Ad
argumentandum", até posso dizer a V. Ex.ª que, pela aplicação dos
critérios...
Ainda tenho tempo, Sra.
Presidente.
Quero dizer a V. Ex.ª que a
metodologia de cálculo, de uma situação normal, regular, é algo normal. E digo
mais: "ad argumentandum", que até poderia admitir a existência de uma
defasagem na tarifa, até poderia admitir a existência desta defasagem na tarifa,
o que estou sustentando é que a população, os usuários dos serviços de
transporte coletivo da nossa Cidade, não têm condições de suportar este novo
aumento. É isso que estou sustentando a V. Ex.ª. É uma questão política e uma
situação econômico-social caótica e de força maior que impede que haja o
aumento do transporte coletivo. E o meu raciocínio, neste momento, vai mais
além, ele se coloca nos seguintes termos. O meu raciocínio, vai além: os
empresários, durante anos a fio amealharam grandes lucros, riquezas em cima do
transporte coletivo. Aliás, nada contra – o regime é capitalista, eles que
continuem ganhando. Agora o problema é o seguinte, eles têm que ter, neste
momento histórico em que a Nação vive, uma tolerância maior. A situação é uma
política de caos, o Vereador não pode ignorar que, acerca de um mês e meio
atrás, nem isso, dezenas de ônibus foram incendiados no Rio de Janeiro. É uma
situação que pode vir a se repetir, porque V. Ex.ª sabe que o transporte
coletivo é o sistema nervoso central de uma capital, e numa crise econômica
desta natureza pode se deflagrar situações de caos social extremamente graves e
incontroláveis. E nós que temos uma responsabilidade com a democracia, que foi
uma luta tão difícil, tão árdua, não estamos dispostos a enfrentar uma situação
em que tenhamos que regredir historicamente e voltar ao período negro da
ditadura.
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Concordo
plenamente com o raciocínio que V. Ex.ª está desenvolvendo na tribuna, neste
momento. Acho que nós vivemos uma situação excepcional, uma situação de força
maior. E tivemos, ontem, uma advertência a nível nacional feita pelo Prefeito
de Recife, Jarbas Vasconcellos, dizendo exatamente isso. Que se permitirem um
aumento exagerado da tarifa do transporte coletivo dos grandes centros do
Brasil, é possível que assistamos novamente e aí a nível, uma rebelião
semelhante a que ocorreu no Rio de Janeiro diante da autorização irresponsável,
dada por um Juiz, para que a passagem, lá, fosse aumentada. Realmente é um
momento de reflexão e não um momento de brincadeira. O que os empresários do
transporte coletivo querem fazer é uma brincadeira; estão interessados em
aumentar, mas o povo simplesmente não suporta este aumento.
O SR. ISAAC AINHORN: É dentro desta linha de raciocínio que eu opto pela posição de
responsabilidade dos políticos e rejeito tecnocratas, sejam municipais,
estaduais ou federais. Para mim, tecnocrata é fruto do arbítrio, da ditadura e
é sempre tecnocrata.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só quero
deixar registrado, nobre Vereador, que sou contra um aumento, que sou contra
esse aumento hoje apregoado.
O SR. ISAAC AINHORN: Mas V. Ex.ª votou a favor da metodologia, não votou?
O Sr. Aranha Filho: Votei a favor, mas estou chamando a atenção de que deve, o
Município, dar, a toda hora e a todo o momento, apertando o botão de
computador, conforme foi dito quando da votação do novo cálculo, tarifa, etc.,
de que teriam possibilidade de, a qualquer momento, dar o custo médio da
tarifa. É isso que eu gostaria de saber.
O SR. ISAAC AINHORN: É melhor assim do que a balbúrdia que sempre havia nesta Casa
quando sempre se deu, com o voto de V. Ex.ª, os aumentos maiores da tarifa do
transporte coletivo.
O Sr. Aranha Filho: Agora, o que quero chamar a atenção de V. Ex.ª, nobre Vereador, é
para que um argumento que é um grau de risco. E V. Ex.ª chamou muito bem, para
que não aconteçam os incêndios que aconteceram em 20 anos, esse não está
coberto, o transporte coletivo não está coberto pelo seguro. Esse é um risco
para o dono da frota. Então, V. Ex.ª tem que analisar a coisa como um todo e
não irresponsavelmente.
O SR. ISAAC AINHORN: Há presença de agência de publicidade para fazer a publicidade
dos empresários do transporte coletivo em Porto Alegre.
Para encerrar, volto a
reafirmar a minha posição de repúdio à posição do Presidente do Sindicado José
Guerreiro que hoje, pelos noticiários das 13 horas, anunciava, com toda a
petulância, ignorando a existência de um Prefeito Municipal, ignorando a
presença de uma Câmara de Vereadores, o aumento, para amanhã, da tarifa do
transporte coletivo. Até como empresário esse moço está sendo um pouco
petulante e irresponsável, porque não está tendo a visão mais longínqua de que
o empresário, de repente, tem que dar os anéis para não perder os dedos. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Pedro Ruas, por transposição de tempo com o
Ver. Paulo Satte.
O SR. PEDRO RUAS: Sra.
Presidente, Srs. Vereadores, oportunizado pelo pronunciamento do Ver. Isaac
Ainhorn, faço também uma reflexão em cima do problema do transporte coletivo
que é dos mais graves, que atinge como um todo a nossa população e anuncio, aos
Srs. Vereadores, que ingressei com um Projeto de Lei nesta Casa para
regularizar, de uma vez por todas, um verdadeiro abuso que sempre ocorreu, a
nível nacional, e também na nossa Cidade, com relação à falta de troco, no
pagamento das tarifas de transporte coletivo de Porto Alegre.
Srs. Vereadores, quando um
usuário do transporte coletivo ingressa num ônibus, estabelece, juridicamente,
um contrato tácito, pelo qual alguém paga determinado valor para ser levado a
determinado local. Por força deste contrato bilateral não pode uma das partes
negar a sua obrigação, sob pena de rompimento unilateral deste contrato e
rescisão na prática deste contrato estabelecido comercialmente.
Tanto isto é verdade que
quando por acaso um determinado veículo de transporte coletivo, ônibus, quebra
no caminho e não vai até o local que deveria ir, os usuários que ainda não
pagaram a tarifa, descem do ônibus sem pagá-la e os que já pagaram são
colocados num outro veículo que os leve ao seu destino. Em cima desta situação
jurídica constituída existe um abuso perpetrado anos a fio contra os usuários,
que é a falta de troco no transporte coletivo. Motivo de inúmeras reclamações
dos usuários e por certo já chegaram, pelo menos em sua maioria, até os
senhores Vereadores desta Casa. Por causa disto, a exemplo do que já ocorre em
Niterói, no Rio de Janeiro, estabelecemos este Projeto de Lei que começa agora
a tramitar na Casa que diz que diz que quando ocorrer a falta de troco devido
ao usuário, o mesmo ficará isento do pagamento da tarifa. Sistematicamente, por
causa da tarifa quebrada e por causa da falta de troco, entre aspas, o usuário
vem sendo penalizado com o pagamento de uma sobretarifa, que determina, na
prática, um sobrelucro aos senhores empresários do transporte coletivo.
Com tal medida, Senhores
Vereadores, espera-se que se regularize imediatamente tal situação e, em não se
regularizando, não trará mais, após a vigência de tal Lei, penalidade àquele
usuário, a quem foi negado o troco devido. Em consonância com a Lei Orgânica do
Município, em consonância com o Regimento Interno da Casa, em consonância com o
Código de Posturas do Município, fizemos neste Projeto de Lei o mesmo índice
percentual já constantes do Código de Posturas do Município, que estabelece
multas administrativas para o empresário de transporte coletivo que negar o
troco aos usuários. Em consonância com o Código de Postura do Município
estabelecemos além da multa administrativa, que tem um cunho penalista,
estabelecemos também esta regra, baseada no Direito Civil Nacional, pelo qual o
rompimento unilateral de uma das partes contratantes, no caso específico da
falta de troco, vai determinar na prática a isenção para o usuário da obrigação
de pagar a tarifa.
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Pedro
Ruas, quero parabeniza-lo por esta bela iniciativa parlamentar. Eu sou um dos
tantos usuários do transporte coletivo nesta Cidade e assisto, diariamente, as
situações mais constrangedoras, mais vexatórias em cima do usuário. A impressão
que se tem é de que a empresa, o trocador, não se sentem responsabilizados para
dar troco ao usuário e de repente se cria uma situação constrangedora porque o
usuário exige o troco e a empresa não dá, alegando que não tem e fica o que V.
Ex.ª está colocando, vai para o bolso do trocador ou para a caixa da empresa.
Até hoje não vi o cobrador negar o troco ao usuário. Mas, se o usuário não tem
o dinheiro completo para a passagem, ele sai fora e não viaja, quando não é
hostilizado diante das outras pessoas. Mas a recíproca não é verdadeira, pois
não recai sobre a empresa nenhum tipo de punição por negar o troco.
Parabenizo-o pela iniciativa excelente, que certamente vai resolver problemas
nos coletivos de Porto Alegre.
O Sr. Paulo Sant'Ana: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Parece que
existe a lei do troco.
O SR. PEDRO RUAS: No
início de meu pronunciamento fiz este esclarecimento que, agora, repito: existe
uma colocação do Código de Posturas, que tem vinculação com o Código de Direito
Penal Brasileiro, pela qual há uma multa administrativa, cobrada mediante
processo administrativo, de 1 a 4 salários-mínimos que, infelizmente, jamais é
cobrada, ou por falta de motivação dos usuários, ou por falta de medidas,
burocracias, etc.
O Sr. Paulo Sant'Ana: Qual seria a eficácia de seu Projeto?
O SR. PEDRO RUAS: O
Projeto é vinculado à estrutura do Direito Civil Nacional; ou seja, falta de
troco é o rompimento unilateral do contrato e desobriga o usuário de pagar a
tarifa. Quando não houver o troco necessário, o usuário ficará isento de pagar
a tarifa, num limite estabelecido pelo Código de Posturas do Município, aliás o
mesmo limite mantido no Projeto.
O Sr. Aranha Filho: Então, todo mundo vai chegar no ônibus com uma nota de quinhentos
cruzados.
O SR. PEDRO RUAS:
Recolhendo o seu aparte, quando falo em limite, o limite estabelecido no Código
de Posturas do Município é de 1 por vinte. O troco máximo é no valor de vinte
vezes o valor da tarifa. Exemplificando, numa tarifa de hoje, o valor seria de
troco máximo de cem cruzados.
O Sr. Paulo Sant'Ana: Mas, se todos vão com vinte vezes o valor da passagem para obter
a isenção da falta de troco? É esse estímulo que a lei não pode dar.
O SR. PEDRO RUAS: O
que poderíamos fazer, agradecendo o aparte de V. Ex.ª e solicitando a atenção
do Ver. Aranha Filho também poderia se estabelecer um limite menor do que o de
20 vezes, que é o limite que o Código de Posturas do Município impõe.
Preferi deixar aos Senhores
Vereadores um tipo de emenda neste sentido do que já fazer no projeto, me pareceu
que dada a sua possibilidade jurídica teria maior coerência mantendo a
proporção de 1 por 20 já estabelecida no Código de Posturas.
Mas essa porcentagem pode ser
modificada. Este projeto está entrando agora na Casa, aberto a sugestões e
modificações, à retificações que os Srs. Vereadores queiram fazer para
aprimorar o projeto.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para
colaborar, 1 por 2, Vereador, porque o troco que não é dado é de Cz$ 0,50 a Cz$
10,00, por causa dos Cz$ 6,50, hoje. Então se for 1 por 2, acho que está
resolvido o problema, porque na hora que aconteceu eu argumentei e também o
Ver. Paulo Sant'Ana. Entrego a V. Ex.ª a sugestão para usar como quiser.
O SR. PEDRO RUAS:
Agradeço a opinião e sugestão dos Vereadores e saliento, em especial, aos
Vereadores que me apartearam, o fato de impedir que esse verdadeiro abuso
continue acontecendo. É nossa obrigação impedir que esse sobrelucro dos Srs.
Empresários do Transporte Coletivo continue ocorrendo em nossa Cidade, e que o
usuário não seja penalizado, não só com aumentos de tarifas, pelos quais ele
não pode deixar de pagar o valor estabelecido sempre. Mas, não tem a obrigação
e nós temos que retirar-lhe a obrigação de pagar um valor maior, na prática,
sempre que não há troco. Sempre que isto ocorre em nossa Cidade, há uma parte
beneficiada, ilegalmente, e há uma parte, ilegalmente, prejudicada, nesta
relação usuário e transportador.
Eram essas as considerações,
Srs. Vereadores, que eu gostaria de fazer no momento em que este Projeto dá
entrada na Casa, acreditando que ele deverá ter emendas, sugestões que poderão
ser apreciadas e o conjunto da Casa deliberará, em termos finalísticos, sobre a
exata forma de vigência de tal lei. Acreditamos, porém, que esta é a única
maneira de se dar um fim aos abusos que ocorrem e, ao mesmo tempo, regularizar
de uma vez por todas uma relação que é tão conflituada e que, ao longo dos
anos, tem permitido tantos abusos e tantas injustiças. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: O próximo orador em Grande Expediente é o Ver. Adão Eliseu pelo
tempo que lhe cede o Ver. Paulo Satte.
O SR. ADÃO ELISEU: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, neste últimos dias temos
assistido debates em televisão, em rádios, em jornais, comentários pelas ruas,
pelas calçadas, pelas praças, nos Legislativos, enfim, em todo o nosso País,
discussões em torno da violência. Fala-se muito, hoje em dia, em termos de
segurança e violência. Segurança no sentido restrito, no sentido fundamental da
expressão, segurança física, segurança contra o criminoso, segurança contra o
bandido, segurança contra a violência.
Nós temos ouvido e visto todos
os sons, todas as baterias voltadas em direção ao bandido comum, ao criminoso
comum. Aquele criminoso que foi construído pela própria sociedade. Aquele
criminoso que foi forjado nas sarjetas das grandes cidades de nosso País. Nós
temos lido e ouvido que o nosso País mantém, nas suas ruas, trinta e cinco
milhões de crianças abandonadas que, mais cedo ou mais tarde, darão
continuidade aos ensinamentos no terreno do crime, lá na penitenciária.
Primeiro numa FEBEM e depois numa penitenciária. E a sociedade, senhores, não
se preocupa com esses trinta e cinco milhões de crianças abandonadas pelas
sarjetas das grandes cidades, não se preocupa em saber se, amanhã ou depois,
elas irão se transformar em criminosos, em bandidos, que impedirão, como hoje,
que saiamos às ruas, a partir das 22 horas.
Srs. Vereadores, esta é uma
questão muito séria. Me parece que exige uma certa reflexão por parte dos
legisladores, não somente municipais mas, acima de tudo, estaduais, para o que
está acontecendo especialmente em Porto Alegre. Eu mesmo, diante do que estou
vendo, diante de tudo isto que estou constatando, contratei um serralheiro,
para colocar portas de ferro na minha casa, tal é o medo e o pavor que se
espalha em nossa comunidade. Não se pode sair e deixar a residência sem alguém
para cuidar. Nós nunca vivemos um momento como este, e é evidente que ele tem
as suas causas. E nós, parlamentares, devemos analisar essas causas, como se
isto aqui fosse um laboratório, e a partir daqui nós pregássemos as soluções
para os órgãos competentes e, a partir daqui, pudéssemos influir na implantação
de novas soluções para a segurança, para que o trabalhador, para que a nossa
comunidade possa viver, trabalhar e produzir com tranqüilidade.
O Sr. Pedro Ruas: V.
Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Independente do aparato
ostensivo e repressivo dos órgãos responsáveis pela segurança pública – que é
importante – V. Ex.ª enfoca bem um período anterior, preliminar a tal tipo de
atitude, que é justamente o abandono a que estão relegadas milhões de crianças
neste País, que, em poucos anos infelizmente, poderão ter seu comportamento
alterado palas condições sociais, pelos maus exemplos em que vivem sempre. V.
Ex.ª enfoca bem a responsabilidade de todos nós, homens públicos, mas, em
especial, daqueles que hoje detêm o poder e que, ao que parece, não estão se
preocupando muito com esta questão. Pelo menos, nas notícias que se vê de
discussões a nível da Assembléia Constituinte, em nenhuma delas é enfocado este
problema tão sério, tão grave e, acima de tudo, tão importante para o futuro de
nosso País.
O SR. ADÃO ELISEU: Agradeço seu aparte e quero lembrar que, nesta Casa, há uma
Vereadora que, freqüentemente, trata destes assuntos, que é a Ver.ª Teresinha
Irigaray. Justiça lhe seja feita. Nós temos nos preocupado com a macro e com a
micro política e não nos preocupamos com o menor abandonado, aquele que,
fatalmente, amanhã, será aquele que assediará nossas famílias, nossos amigos,
etc. Isto eu acho que faz com que este momento, em que todos estão meio
apavorados, em que toda a comunidade está com medo de sair à rua, seja um
momento em que os parlamentares deveriam estar – a meu ver – discutindo,
elaborando planos sugerindo ao governo estadual que tomasse as providências
mais adequadas, mais inovadoras, mais modernas para o momento que estamos
vivendo.
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É
interessante que todas as questões nacionais têm como pano de fundo a situação
sócio-econômica em que vive o País. Estamos assistindo em Porto Alegre um caso
incrível: o bandido "Carioca" está desafiando as autoridades no seu santuário
no Morro da Cruz; ali, para os moradores o cara é um ídolo e por quê? Porque de
vez em quando ele distribui rancho para as famílias mais necessitadas e estas
famílias, inclusive menores, se encarregam da segurança do "Carioca".
Ele está sendo idolatrado no Morro da Cruz, porque ele faz mais pelo Morro,
dentro do seu âmbito de criminalidade, do que muitas autoridades. Então, tudo
acaba neste círculo triste de miséria e de abandono que vive grande parte da
população brasileira. Não adianta, Vereador, contratar um serralheiro, trancar
as portas, porque não haverá portas e serralheiros suficientes para impedir que
aconteçam novos assassinatos e assaltos se não for modificado o quadro de
miséria em que vive o País.
O SR. ADÃO ELISEU: Veja V. Ex.ª que a violência não é só realizada através do
criminoso; a nossa sociedade é violenta. Veja o que fizeram, pelo menos um é
criminoso, com os dois, ou melhor, o cognominado "Vico", justiça com
as próprias mãos; por todo o País se assiste a formação de exércitos de
segurança, particulares, enfim, esquadrões, etc, o povo está fazendo a justiça
com suas próprias mãos; isso é ausência de autoridade; a autoridade brasileira
está em crise, e aí é que eu queria entrar, Ver. Kenny Braga, nas causas
sociais e políticas que ocasionam todo esse emaranhado de coisas, o estado de
insegurança que estamos vivendo e que vai se prolongar pelo tempo afora.
O Sr. Hermes Dutra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não posso
perder a oportunidade da fazer um pequeno chiste com V. Ex.ª; V. Ex.ª que é um
Coronel da Brigada, e certamente sabe manejar uma arma, coloca uma cerca de
ferro, o que deixa para este pobre cabo? Mas o assunto é importantíssimo e eu
queria duas coisas; primeiro: só lembrar que há uma comissão nesta Casa e eu
sei, para satisfação minha, que V. Ex.ª foi indicado pelo PDT para tentar dar
uma contribuição nesta área.
Mas acho que a questão repousa
em três coisas fundamentais: lamentavelmente por hipocrisia ou por tapação de
olhos, as pessoas preferem só ver a miséria. Acho que a questão da miséria é
fundamental, agora a questão de valores, Vereador, porque lamentavelmente nós
somos um país, um povo, que não damos o valor aos valores. É impressionante. Se
multam o nosso carro, a primeira coisa que fazemos é buscar um policial amigo
para tirar a multa. Se um brigadiano nos multa, nós tentamos falar com o
capitão para dar um jeito de dizermos que somos amigos dele para tirar a multa.
Este permanente questionamento da não punição da falta, também contribui para
isso. E, por último, efetivamente há falta de condições para a recuperação de
apenados, o que é uma brincadeira no nosso País. Muito obrigado.
A Sra. Teresinha Irigaray: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não
poderia me furtar de dar um rápido aparte a V. Ex.ª, uma vez que o assunto é
uma temática da minha vida parlamentar. Ver. Adão Eliseu, como Presidente da
Comissão que estuda o problema nesta Casa, me parabenizo com V. Ex.ª, alertando
que são quarenta milhões de menores abandonados e que acho que o assunto que V.
Ex.ª está abordando traz como fundamento a preocupação máxima de atacar este
problema que é básico. Não poderá haver segurança neste País se esses menores
não forem preparados, não tiveram uma condição social melhor, não forem
amparados e não se tornarem cidadãos de amanhã plenamente conscientes de suas
responsabilidades. Nós não poderemos deixar de dizer que V. Ex.ª tem razão no
fato da morte do Vico. O Vico certamente foi um menor carente, um menor
abandonado, um menor desprezado, um menino de rua que de certo corria da
polícia e que o governo, o poder público, não se preocupava com ele. Resultado,
Vereador, morreu de mãos amarradas, numa estrada qualquer de uma cidade,
abandonado, triste, dentro da sua miséria, dentro dos seus crimes e levando
junto uma pessoa que certamente não tinha nada a ver a não ser o amor que lhe
dava. É por isso que digo e repito e tornarei sempre a dizer e subirei sempre a
esta tribuna para defender o problema dos menores. Sem atacar o problema dos
menores não haverá segurança neste País.
O SR. ADÃO ELISEU: Vico morreu como viveu, abandonado.
O Sr. Paulo Sant'Ana: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Talvez não
seja relevante dentro do assunto, mas acontece que o orador disse que há 35
milhões de menores abandonados; a Presidente da Comissão, Ver.ª Teresinha
Irigaray, disse que são 40 milhões de menores abandonados. Nesse crescendo, nós
vamos passar a 100 milhões daqui a pouquinho, nas Comunicações. Então, o que eu
queria dizer é que são 120 milhões de habitantes e eu calculo que 1/3 – 40
milhões – são de menores, mas da infância até a adolescência. Ora, 40 milhões
de menores no Brasil, não são todos eles abandonados, metade, no mínimo, tem
lar. Então, os números também são exagerados. Muito obrigado.
A Sra. Teresinha Irigaray: Esse dado foi fornecido pelo Juiz de Menores da Cidade de Porto
Alegre, não é criação da minha fantasia, Ver. Paulo Sant'Ana.
O Sr. Ennio Terra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É de lamentar
que a força pública esteja matando até por engano, como matou o negrão Júlio
César, que foi morto por engano. Aí está o alto nível de periculosidade que
existe dentro da população de Porto Alegre.
O SR. ADÃO ELISEU: Para concluir, eu pediria a condescendência da Mesa, dado o
grande número de apartes, pois gostaria de elaborar a conclusão do meu
pronunciamento. Srs. Vereadores, nós realmente vivemos momentos difíceis, as
causas, todos conhecemos, são sociais e políticas. Os ladrões, os criminosos de
colarinho branco não são nem processados e se são, eles conseguem, através do
dinheiro, bons advogados que farão com que os mesmos não entrem nas prisões de
nosso País. Vão os pés-de-chinelo apenas, os pobretões, aqueles meninos que
foram criados nas sarjetas e que depois se transformam em bandidos ao crescerem
– o que não poderia ser diferente – contra uma sociedade que o traiu. Contra
uma sociedade que o maltratou.
Senhores, para concluir este
pronunciamento, eu poderia dizer como o poeta, quando colocamos que a criança e
o bandido são violentos, mas também podemos dizer que as águas dos rios são
violentas, mas as margens que os oprimem também o são. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Dada e inexistência de "quorum",
a Mesa sugere uma inversão da ordem dos trabalhos. E passaremos de imediato à
Pauta.
(Assentimento do Plenário.)
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 1661 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 64/87, do Ver. Isaac Ainhorn, que acrescenta
parágrafo ao artigo 1º da Lei Complementar nº 72, de 06 de janeiro de 1982.
PROC. 1603 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 21/87, do Ver. Flávio Coulon, que concede o prêmio de Teatro Qorpo Santo
à Professora, Escritora e Teatróloga Olga Garcia Reverbel.
PROC. 1712 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 48/87, que autoriza a doação de imóvel que desafeta da destinação
original para construção de escola.
PROC. 1388 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 50/87, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que dá nova redação ao § 2º e acrescenta
§ 3º ao artigo 54, da Lei nº 5732, de 31 de dezembro de 1985.
PROC. 1430 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 40/87, que declara de utilidade pública a ASSOCIAÇÃO FILANTRÓPICA DE
ASSISTÊNCIA SOCIAL AOS INDIGENTES DO RIO GRANDE DO SUL – AFASI.
PROC. 1454 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 53/87, do Ver. Flávio Coulon, que denomina Rua Armando Albuquerque uma
via pública.
PROC. 1459 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 54/87, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Ivescio Pacheco uma via
pública.
PROC. 1469 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 55/87, do Ver. Isaac Ainhorn, que altera e acrescenta dispositivos na
Lei nº 5732, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras providências.
PROC. 1476 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 56/87, do Ver. Raul Casa, que denomina Rua Hilário Cristo um logradouro
público.
PROC. 1485 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 41/87, que cria Funções Gratificadas e altera denominação e
classificação de Cargos em Comissão.
PROC. 1592 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 45/87, que cria o Gabinete do Vice-Prefeito, cria cargos em comissão e
dá outras providências.
PROC. 1605 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 46/87, que autoriza o Município a firmar Convênio com o Ministério do
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente e dá outras providências.
PROC. 1606 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 47/87, que autoriza o Departamento Municipal de Água e Esgotos a firmar
Contrato com a Caixa Econômica Federal e dá outras providências.
PROC. 1499 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 01/87, que institui Área Funcional de Interesse
Público, na forma da Lei Complementar nº 43, de 21 de julho de 1979, e dá
outras providências.
PROC. 1465 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 18/87, do Ver. Hermes Dutra, que concede o título honorífico de Cidadão
Emérito ao Senhor Sheun Ming Ling.
PROC. 1477 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 19/87, do Ver. Isaac Ainhorn, que concede o título honorífico de Cidadão
Emérito ao Senhor Nilton Waldemar Stock.
PROC. 1588 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 20/87, do Ver. Raul Casa, que concede o título honorífico de Honra ao
Mérito Atlético aos atletas do Grêmio Foot-Ball Portoalegrense.
PROC. 1630 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 22/87, da Vera. Teresinha Irigaray, que concede o título honorífico de
Cidadã Emérita à Senhora Lygia Pratini de Moraes.
PROC. 1631 – PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 61/87, do Ver. Jorge Goularte, que denomina Rua Hermeto Bermudez um
logradouro público.
PROC. 1640 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 62/87, do Ver. Jorge Goularte, que denomina Rua Professor Leonardo
Tochtrop um logradouro público.
2ª SESSÃO
PROC. 1381 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 16/87, do Ver. Kenny Braga, que concede o prêmio literário "Érico
Veríssimo" ao poeta rio-grandense Luiz de Miranda.
PROC. 1417 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLTIVO Nº 51/87, do Ver. Antonio Hohlfeldt, que denomina Praça Dante Barone um
logradouro público.
PROC. 1453 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 52/87, do Ver. Flávio Coulon, que denomina Rua Bruno Kiefer uma via
pública.
PROC. 1494 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 57/87, que denomina Praça Tristão Sucupira Viana um logradouro público,
do Ver. Hermes Dutra.
PROC. 1497 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 43/87, que denomina Rua Santa Paula, um logradouro público.
PROC. 1498 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 44/87, que autoriza o Município a alienar áreas de sua propriedade a
Milton Costa Vitola, Fritz Sandhas e outros e condomínio do Edifício do Parque
e dá outras providências.
PROC. 1525 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 58/87, do Ver. Aranha Filho, que denomina Rua Carlos A. Ilha de Macedo
um logradouro público.
3ª SESSÃO
PROC. 1073 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 29/87, do Ver. Werner Becker, que dispõe sobre a renúncia à prescrição.
PROC. 1261 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 41/87, do Ver. Werner Becker, que altera a Lei nº 5891/87, que estabelece
metodologia de cálculo de tarifas no serviço de transporte coletivo por ônibus
em Porto Alegre.
PROC. 1292 –
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 06/87, do Ver. Caio Lustosa, que altera o
parágrafo 1º do artigo 233 da Lei Complementar nº 32, de 07 de janeiro de 1977,
que fixa normas para elaboração e execução de instalações prediais de água e
esgoto e dá outras providências.
PROC. 1358 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 46/87, do Ver. Jaques Machado, que denomina Rua Jacy Kroeff Milanez uma
via pública.
PROC. 1366 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 47/87, do Ver. Adão Eliseu, que instituiu placa indicativa alusiva ao
nascimento de grandes vultos da história de Porto Alegre.
PROC. 1402 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 38/87, que autoriza o Executivo Municipal a aplicar recursos de operação
de crédito e dá outras providências.
PROC. 1403 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 39/87, que declara de utilidade pública a SOCIEDADE DE AMIGOS DA
AMAZÔNIA BRASILEIRA – SAMBRÁS – RS.
PROC. 1387 – PROJETO
DE RESOLUÇÃO Nº 17/87, do
Ver. Lauro Hagemann, que concede o título honorífico de Cidadã Emérita à
Senhora Julieta Batistioli.
A SRA. PRESIDENTE: Primeiro orador inscrito, Ver. Jorge Goularte Desiste. Ver.
Flávio Coulon. Ausente. Ver. Antonio Hohlfeldt. Ausente. Ver Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero me referir a alguns
projetos em Pauta que até a princípio podem parecer sem maior importância, mas
acho necessário e importante registrar.
Quero me referir a um Projeto
de autoria do Ver. Jorge Goularte que denomina Rua Hermeto Bermudez um
logradouro público desta Cidade. Por estas questões da vida, este Projeto já
deveria ter sido aprovado há mais tempo, mas por algumas impossibilidades que
se processaram, digamos assim, foi truncada a sua ação, mas felizmente agora
começa a correr Pauta e acho que talvez dos próximos 30 ou 60 dias teremos a
possibilidade de aprova-lo. E acho, particularmente, que convivi muito com
Hermeto Bermudez e acho que a homenagem é das mais justas. Foi um homem do
Estado ao qual a Cidade de Porto Alegre, em termos específicos, a atual Porto
Alegre, está integrada. É também intenção homenagear o político, um homem que
acreditava piamente na política, como a solução de todos os problemas nacionais.
Ele foi um Vereador em Uruguaiana, candidatou-se a deputado, mas infelizmente
não logrou a eleição, e quando caminhava para uma eleição quase vitoriosa, teve
a sua vida ceifada num acidente estúpido, até hoje lamentado por todos nós.
Quero, pois, me somar a essa ação do Ver. Jorge Goularte e até cumprimenta-lo
pela intenção.
Há outro projeto de autoria
deste Vereador, de concessão de título de Cidadão Emérito a um senhor de origem
chinesa, que aqui no Brasil constituiu família, sua vida, aqui trabalhou e aqui
produziu pelo nosso Estado: é o Sr. Sheun Ming Ling, conhecido por muitos dos
senhores. Mas há um objetivo nesta homenagem: é que se trata de um cidadão que
tem sido um contribuinte expressivo e continuado das obras culturais da Cidade
de Porto Alegre, de uma forma muito particular com a Orquestra Sinfônica de
Porto Alegre. E acho que a cidade tem obrigação de prestigiar pessoas que, como
ele, contribuem para o desenvolvimento cultural.
Não posso deixar de registrar,
e o faço com grande satisfação, a feliz idéia e invejável, inclusive, de
Teresinha Irigaray, na concessão de título para Lygia Pratini de Moraes. Quando
se fala em D. Lygia Pratini de Moraes, acho que imediatamente tem que se pensar
em centenas e centenas, senão milhares de pessoas que hoje vivem graças à ação
de Dona Lygia Pratini de Moraes na Liga Feminina de combate ao Câncer.
Ver.ª Teresinha Irigaray, acho
que V. Ex.ª foi iluminada na hora em que teve a feliz idéia de encaminhar este
projeto. Saiba que se faz justiça a uma senhora que, praticamente, dedica a sua
vida na luta contra o câncer, na luta para aqueles que não podem viajar ao
exterior para se beneficiar com tratamentos caríssimos, em Porto Alegre através
da Liga de Combate ao Câncer eles encontram o tratamento, o remédio e até o
lenitivo.
O Sr. Aranha Filho: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador,
peço que V. Ex.ª fale também em nome da Bancada do Partido da Frente Liberal.
O SR. HERMES DUTRA: Muito obrigado Vereador. Mas a Pauta está "gorda" e tendo
em vista isso, eu lembro, até, que estou pregando uma mudança no Regimento
Interno, de forma que a Pauta seja um dos primeiros assuntos da Ordem do Dia,
porque tenho notado que há um prejuízo muito grande em função da Ordem do Dia,
porque os Vereadores, com seus compromissos, terminada a Ordem do Dia se
retiram, ficando, ficando com falta de "quorum" para que os Projetos
tramitem.
Ora, se chega uma Pauta dessas
com mais de 20 projetos e que só três Vereadores podem falar, a discussão do
Projeto fica prejudicada. O bom seria que fizéssemos a Pauta nas segundas,
quartas e sextas-feiras, o que possibilitaria que mais Vereadores falassem
sobre os Projetos. Eu, até, fui felizardo porque consegui me inscrever a tempo
e, até, beneficiado com a desistência de alguns, consegui falar sobre este
Projeto porque a Pauta, hoje, está bastante "engordurada".
Mas, nós temos o Projeto do
Ver. Antonio Hohlfeldt que denomina Praça Dante Barone um logradouro público,
homenagem das mais merecidas: temos também um Projeto do Ver. Kenny Braga que
concede o Prêmio Érico Veríssimo ao poeta rio-grandense Luiz de Miranda.
Que bom, Sra. Presidente, que
pudéssemos homenagear todos os poetas do Rio grande do Sul e que esta Casa
fosse permanentemente um recanto da poesia, que pudéssemos levar um pouco do
espírito do poeta para aqueles que têm o poder de na caneta decidir o nosso
futuro.
Enfim, quero ainda me referir
a um projeto do Ver. Lauro Hagemann, é pena que ele não esteja aqui, porque
quando a Casa faz uma homenagem dificilmente temos a unanimidade ideológica,
porque há pessoas que não concordam com a ideologia desta ou daquela pessoa, e
esses dias ainda vi uma pessoa votar contra a concessão de um título
honorífico, que não é de minha autoria, mas me sirvo do fato para me referir ao
projeto do Ver. Lauro Hagemann, que concede o título de cidadã emérita à Sra.
Julieta Batistioli, que segundo o nobre Vereador, na sua Exposição de Motivos,
ela é uma das comunistas das mais militantes do seu partido. E eu embora não
tenha a menor simpatia pela doutrina comunista, quero-a a milhares de milhas de
mim, devo registrar que votarei favorável. Pois acho que votando na concessão
do título para a Dona Julieta estarei, na verdade, reconhecendo o trabalho que
ela prestou na crença que ela tem, como boa comunista. Quem dera que todos
trabalhassem assim, os não-comunistas, os comunistas. É assim que deve ser
encarado. O que não se deve, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é colocar a
ideologia em função dessas homenagens. Há dias atrás homenageamos um Juiz de
Direito, dos mais eméritos dessa Cidade, um homem lutador quanto ao tráfico de
drogas, que foi o Dr. Luiz Matias Flach, e que infelizmente teve voto
contrário. E eu sei que foi ideológica a abstenção. Estou fazendo esse
registro, Ver. Flávio Coulon, para mostrar que o faço de alma aberta. Não tenho
a menor identificação com essa cidadã, mas acho que ela merece o título, porque
foi uma batalhadora pela causa que sempre acreditou. Quem dera que todos
lutassem pelas causas que acreditam. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Frederico Barbosa.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, em Pauta, hoje, como já
referiu o orador que me antecedeu, o Processo 1417, de autoria do Ver. Antonio
Hohlfeldt, que denomina Praça Dante Barone um logradouro público. Este é o
Projeto que, como todos os outros, de denominação de via pública, certamente,
preferiríamos estar convivendo com o homenageado. Mas, no decorrer da vida, com
o passamento de alguém tão querido aos porto-alegrenses, faz com que tenhamos a
honra de participar da votação de um Projeto que, de simples denominação de uma
praça na Vila Assunção, vai deixar gravado, nas placas denominativas, o nome de
David Dante Barone, exatamente aquele que muitas pessoas, como diz a feliz
Exposição de Motivos do autor, alguns de seus amigos pensaram, um dia, e
lastimavelmente não realizaram a idéia, de criar a sociedade dos amigos do
Barone. É com satisfação que digo isso, porque está incluída na Exposição de Motivos
a autoria deste Vereador – o Projeto que concedeu o Título de Cidadão de Porto
Alegre a Dante Barone, dentre algumas das homenagens àquele que certamente
mereceria muito mais da população de Porto Alegre e do Rio Grande. Vinculo-me
extremamente a este Projeto do Ver. Antonio Hohlfeldt, porque nós dois o
encaminhávamos, nós dois tencionávamos homenagear David Dante Barone, do Teatro
São Pedro. No momento de coincidência da idéia, certamente, me honrou muito
abrir mão para o Ver. Antonio Hohlfeldt, que já estava tomando as primeiras
providências, autor que eu já era do projeto de Cidadania a esse homem público,
e grande homem público, David Dante Barone; vincula-me mais ainda, porque, em
1970, Barone abandonou a Direção do Teatro São Pedro para assumir a direção do
recém inaugurado auditório da Assembléia Legislativa do Estado. E, durante um
ano, já disse isto da tribuna, quando encaminhava o título de cidadania,
sentei, lado a lado, na mesma sala, com esta figura sensacional que, no segundo
ano de minha vida como funcionário público da Assembléia Legislativa do Estado,
que sou até hoje, de carreira, me fez aprender muito principalmente pela
maneira com que Dante Barone encarava a vida, os problemas e o trabalho. Aqui
retratados na Exposição de Motivos do presente Projeto como um homem que fazia
do seu trabalho a sua casa e que nunca deixou de trabalhar até que a doença e a
fatalidade o acometeram. O Dante Barone que gostava de cozinhar, o Dante Barone
que gostava de homenagear os amigos, o Dante Barone amigo dos seus amigos e,
principalmente o homem que desarmava a todos com uma frase que, além da
amizade, inspirava sempre riso no sentido que tinha para enfrentar os problemas
que lhe surgiam. Isso me faz lembrar o Dante Barone já com muita idade, a percorrer
os corredores da Assembléia enquanto o Auditório ainda não funcionava para
justificar o seu salário, porque não admitia ficar sem trabalhar, a mostrar a
Casa, corredor por corredor, sala por sala, para dezenas de crianças, onde ele,
eu, sob a chefia da jornalista Beatriz Soares e sob a direção desta grande
figura gaúcha que é Osvaldo Goidanich, tínhamos a incumbência, como Relações
Públicas, à época, da Assembléia, de mostrar as coisas que a Assembléia tinha
para o conhecimento público e, principalmente, às escolas, onde incentivávamos
para que viessem à Casa do Povo do Rio Grande do Sul.
Estas são algumas lembranças
que faço com extremo carinho e saudades do velho Dante Barone que, Cidadão de
Porto Alegre, falecido, vem, agora, pelas mãos do Ver. Antonio Hohlfeldt para
denominar com o seu honrado nome uma praça na Vila Assunção. Tenho absoluta
certeza de que os moradores das redondezas daquele local terão uma honra muito
grande – certamente, com a aprovação unânime desta Casa – de receber o nome de
uma figura modesta, extremamente simples, mas que, com sua competência e
atuação, marcou profundamente a área das artes e da cultura do Rio Grande do
Sul, que é o nome do amigo e companheiro David Dante Barone, que em breve será
consagrado com a colocação de placas indicativas de seu nome num local, também
tão importante para a Cidade, como a Vila Assunção, um bairro tão importante, e
que receberá esta denominação tão merecida para este, que nós gostaríamos, isto
sim, que estivesse assistindo os movimentos de arte e cultura de Porto Alegre
presente, com a sua iniciativa e com o seu raciocínio, o seu tino para essas
realizações, das quais tanto participou, durante a sua longa trajetória no
Teatro São Pedro e nas coisas das artes e da cultura do Rio Grande. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra a Ver.ª Teresinha Irigaray.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, é um momento feliz para mim e
muito gratificante, vir à tribuna nesta tarde, numa Pauta que eu considero
muito especial. Neste momento, tenho a honra e a felicidade de homenagear três
mulheres; três mulheres em três situações distintas, e de três Partidos
diferentes. Não tenho o menor interesse político nesta homenagem. A minha
homenageada se chama Lygia Pratini de Moraes, Presidente da Liga de Combate ao
Câncer, do Rio Grande do Sul, figura destacada e atuante do PDS. Homenageio,
também, à Olga Reverbel da Silveira, através da proposição do Líder do PMDB,
Ver. Flávio Coulon, à artista, à encenadora da arte, à pessoa brilhante que é
Olga Reverbel da Silveira. Homenageio, também, através da proposição do Ver.
Lauro Hagemann, à Julieta Batistioli. Então, homenageio a operária, a mulher
simples, a mulher camponesa, que foi a primeira mulher a subir numa tribuna
popular, a primeira Vereadora da Cidade de Porto Alegre. A ela o meu respeito,
a minha homenagem, as minhas felicitações a esta figura dinâmica de mulher que,
naquela época, quebrou preconceitos, tabus das classes chamadas dominantes e
conseguiu, através de uma Suplência, assumir uma cadeira na Câmara Municipal de
Porto Alegre. E suas primeiras palavras não foram de saudação aos seus pares.
Foram contra um governo que ela considerava ditatorial. A segunda mulher que
homenageio é a minha ex-professora Olga Reverbel da Silveira. E, neste momento,
fico também com inveja do Ver. Flávio Coulon, por não ter tido a lembrança de
trazer a esta Casa o nome conhecido, discutido, brilhante de Olga Reverbel da
Silveira. Este nome já não é um nome de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, ou
do Brasil. Olga Reverbel da Silveira é uma cidadã do mundo, pela sua
qualificação, pelo seu trabalho, pelas suas luzes, pelo que ela nos
proporcionou. Então, a concessão que o Ver. Flávio Coulon faz, do Prêmio Teatro
Qorpo Santo, à Prof.ª Olga é importantíssimo para nós mulheres, porque ela foi
uma forjadora de talentos, ela é escritora, ela entende do mundo do teatro e
tem vários livros publicados. Ela faz a felicidade de todos que a conhecem e
que com ela privam.
O Sr. Flávio Coulon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Sou
comovidamente grato a V. Ex.ª, uma vez que me inscrevera na Pauta, e por
motivos partidários tive que me ausentar, - justamente para chamar a atenção
dos Srs. Vereadores para o Projeto referente á Olga Reverbel. Mas tenho certeza
de que não seria tão brilhante quanto V. Ex.ª, ao falar desta que eu chamo de
mitológica figura do nosso teatro e do nosso professorado aqui no Brasil, no
Rio Grande Sul e, de um modo geral, no mundo inteiro. De modo que quero lhe
agradecer pessoalmente e ficar reconhecido pelo resgate que V. Ex.ª faz ao meu
nome, desta tribuna. Muito obrigado.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Faço em nome de V. Ex.ª e em nome das mulheres desta Cidade,
porque ainda em uma época em que somos um pouco discriminadas e que são poucos
os valores femininos reconhecidos e qualificados, tenho a satisfação de
fazê-lo, independente de cor partidária e de qualquer coisa, como faço com a
minha homenageada pessoal que pertence ao partido do líder Hermes Dutra, Lygia
Pratini de Moraes, o qual subscreve comigo o voto de cidadã emérita a Lygia
Pratini de Moraes
Então, três mulheres, três
situações, três etapas, três épocas diferentes: a operária lutadora do Partido
Comunista que assumiu pela primeira vez a tribuna desta Casa; a teatróloga, a
luminosa, a inteligente, a brilhante Olga Reverbel, minha conterrânea e que
consegue com seu "Mise-em-scène" empolgar os seus alunos, seus amigos
e seus admiradores; e por último, uma homenageada que eu trago de público
porque sou sua fã e tenho o maior respeito pelo trabalho de Lygia Pratini de
Moraes, uma senhora de Porto Alegre, da sociedade de Porto Alegre que não
precisaria andar pelas vilas de nossa Cidade, não precisaria fazer este
trabalho popular com as mulheres devido a sua própria situação social e, no
entanto ela o faz com a maior simpatia e desprendimento. Lygia Pratini de
Moraes, em seu gabinete, no Hospital Santa Rita de Cássia onde atende os seus
cancerosos ela demonstra todo o seu trabalho e toda a vontade que ela tem que
este mal seja realmente minimizado e combatido em todos os seus setores. A
minha homenagem a esta senhora pelo seu desvelo, pelo seu desprendimento e pelo
respeito que ela deve ter por todos os Vereadores desta Casa na concessão do
título de cidadão emérita da Cidade. E as três mulheres que aqui homenageio,
Julieta Batistiolli, Olga Reverbel e Lygia Pratini de Moraes o respeito e a
consideração das mulheres desta Cidade, das mulheres deste Estado, das cidadãs
deste País, porque o trabalho destas 3 mulheres foi um trabalho digno, é um
trabalho de respeito, é um trabalho qualificado. Há valor nestas 3 mulheres, em
3 diferentes situações.
O Sr. Jorge Goularte: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre
Vereadora, peço que V. Ex.ª fale em meu nome e diga que, também, a homenagem a
esta senhora é dos homens desta Cidade, dos cidadãos e não apenas das mulheres.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Tenho muito prazer de que os homens desta Casa também se associem
a esta homenagem, e não poderiam deixar de fazê-lo. Eu apenas faço em
consideração às três figuras femininas, da Pauta de hoje, porque que é uma
tarde feliz, porque a gente consegue reunir 3 mulheres em 3 situações
diferentes e de 3 partidos diferentes. Não estou homenageando mulheres do meu
partido. Estou homenageando a figura da mulher, mesmo que seja de outro
partido, porque essas mulheres fazem uma coisa que se chama bem comum, e o bem
comum está acima de qualquer sigla partidária. Não quero saber se a Julieta é
do PC, se a Olga Reverbel é do PMDB e se D. Lygia Pratini de Moraes é do PDS.
As coisas que elas fizeram de maravilhoso, que proporcionaram de felicidade a
esta Cidade e às cidadãs desta terra, se pertencem a algum partido político, eu
nem discuto, apesar de a Casa ser política. Quero apenas me congratular com os
3 nomes das 3 mulheres.
O Sr. Flávio Coulon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) A Olga
Reverbel é brizolista convicta, inclusive essa declaração faz parte do processo
do Projeto de Resolução.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Vereador, apenas fiz este pronunciamento e não estou aqui
homenageando uma figura do meu partido, porque às vezes a gente quer homenagear
uma figura do partido militante. Essas 3 mulheres eu conheço pelo trabalho,
trago apenas a minha consideração, como mulher, a essas mulheres. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Solicito à Sra. Secretária que proceda à
chamada nominal dos Srs. Vereadores, para verificação de "quorum".
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) (Pausa.)
(Procede à segunda chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Não há
"quorum".
O SR. PAULO SANT'ANA (Requerimento): Sra. Presidente, estou solicitando à Mesa
que reúna as lideranças e as advirta não ser justificável nem explicável que um
Projeto como o 28/87, por exemplo, por duas vezes tenha sido deixado de ser
votado por falta de "quorum". Segundas e quartas-feiras são os dias
mais importantes de votação nesta Casa e por incrível que pareça, Sra.
Presidente, não há "quorum" na Casa. Decididamente isto recomenda mal
a este Legislativo. Pediria à Mesa urgentes providências no sentido de que este
problema fosse imediatamente sanado. É evidente que está havendo falta de
responsabilidade de alguns Vereadores. Muito obrigado.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa acolhe o pedido de V. Ex.ª.
O SR. ARANHA FILHO (Questão de Ordem): Não gostaria de contestar, em absoluto, o
Ver. Paulo Sant'Ana em defender os Vereadores que não estão no Plenário, hoje,
ou a falta de "quorum" para a votação, mas parece que uma comitiva
saiu, em nome da Câmara Municipal, em viagem, inclusive nas duas oportunidades
em que este Projeto esteve em Pauta. De forma que acredito que tenha uma
justificativa, pelo menos a falta de "quorum" para a votação.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa concorda com V. Ex.ª, mas quer anunciar ao Plenário que
existe "quorum".
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: Há 17 Vereadores em Plenário com a entrada do Ver. V. Ex.ª Kenny
Braga e do Ver. Nilton Comin.
O SR. PAULO SANT'ANA: Um Pedido de Informação, Sra. Presidente. V. Ex.ª pode me dizer
que comitiva é esta e para onde ela foi, Presidente. Estou desinformado
completamente.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa não pode responder agora porque não sabe neste exato
momento, mas vai procurar se informar e lhe dirá, mesmo porque a Mesa não tem
obrigação de saber na hora todas as coisas que acontecem nesta Casa. A Mesa
prestará a informação no decorrer da Sessão.
Havendo "quorum",
passaremos à
ORDEM DO DIA
VOTAÇÃO
PROC. 0985 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 28/87, que acrescenta o parágrafo único ao artigo 8º da Lei nº 2901, de
30 de dezembro de 1965.
Obs.:
- Incluído na Ordem do Dia por força do artigo 44 da
Lei Orgânica Municipal.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM (Questão de Ordem): Sra. Presidente, nesta Questão de Ordem
eu busco na Mesa a informação, sem querer prejudicar a intervenção do nobre
Líder do PDS. O Sr. Prefeito Municipal enviou a esta Casa um ofício retirando
este Projeto. Este Ofício foi recebido na Casa, a impressão que tenho é que recebido
o Ofício tranca-se a tramitação e as discussões, todas.
A SRA. PRESIDENTE: Vereador, em resposta à Questão de Ordem de V. Ex.ª, a Sra. 1ª
Secretária vai ler o Ofício encaminhado pelo Sr. Prefeito para esta Casa.
A SRA. 1ª SECRETÁRIA: O Ofício encaminhado pelo Sr. Prefeito diz respeito ao Processo
nº 2291/86, PLE nº 63/86, que dispõe sobre a realização de exame psicológico
para ingresso no Serviço Público Municipal. (Lê.)
Como V. Ex.ª pode ver, não faz
referência ao Projeto ora em encaminhamento.
O SR. CLEOM GUATIMOZIM: Estou satisfeito. Peço desculpas à Mesa pelo engano que
pratiquei.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa recebe as desculpas de V. Ex.ª.
Em votação o PLE nº 28/87. Com
a palavra, para encaminhar, o Ver. Hermes Dutra.
O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores. Este Projeto de Lei do
Executivo é daquelas coisas que a gente não entende como é que não foi feita
antes. E aqui inclusive na época em que nós estávamos no Governo, o Dr. Alceu
Collares está um anos e meio, também, é daquelas coisas que realmente só
complicava a vida do DMAE porque não representa em termos financeiros
absolutamente nada em termos de orçamento, é irrisório e prejudica
tremendamente a vida do usuário, principalmente o usuário de baixa renda que,
às vezes, uma ligação de mil cruzados, 2 mil cruzados é caro para uma pessoa
que ganha pouco. Então, o DMAE parcela, tem que entrar em fila, tem que
requerer, felizmente, acendeu-se a luz na cabeça de alguém e veio a proposta
para cá. Obviamente, Ver. Cleom Guatimozim, tinha que ter alguém pra complicar,
que foi o artigo que a Emenda de V. Ex.ª corrige: "...excetuando-se a taxa
de expediente...” A tava de expediente deve estar em torno de 12 ou 15
cruzados. É um Projeto muito bom e eu queria parabenizar a administração socialista
por ter tomado esta iniciativa, que já deveria ter sido tomada há vários anos.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: A palavra com o Sr. Jorge Goularte, para encaminhar.
O SR. JORGE GOULARTE: Vou ser muito breve no meu encaminhamento. Quero dar meus
parabéns a administração porque isso era algo que truncava a marcha dos
serviços. E eu acho que sei qual a cabeça de onde saiu isso aí, do Engenheiro
Petersen, que é o Diretor do DMAE, que é um homem competente e que veio retirar
em óbice que existia porque era algo muito caro para o usuário e de pouca monta
para o erário público. É um Projeto que não tem contestação porque é para o bem
geral.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Não havendo mais quem queira encaminhar, coloco em votação o PLE
nº 28/87, com ressalva da Emenda. Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
Colocamos também em votação a
Emenda do Ver. Cleom Guatimozim. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADA.
Sobre a mesa, Requerimento do
Ver. Cleom Guatimozim, solicitando seja o PLE nº 28/87 dispensando de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(Discussão adiada por 02 Sessões)
PROC. 0795 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 16/87, do Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Bernardino Bernardi uma
via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Luiz Braz: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Relator, Ver. Antonio Hohlfeldt; pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 16/87. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento do
Ver. Hermes Dutra, solicitando seja o PLL nº 16/87 dispensado de distribuição
em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta
data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 2291/86 –
PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 63/86, que dispõe sobre a realização de exame psicológico para ingresso
no Serviço Público Municipal e dá outras providências.
Parecer:
– da CJR.
Relator, Ver. Paulo Sant'Ana: pela aprovação; e
Parecer Conjunto:
– da CUTHAB,
e COSMAM. Relator-Geral, Ver.
Frederico Barbosa: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: A Mesa dará conhecimento ao Plenário, a seguir, do teor do Ofício
encaminhado a esta Casa pelo Sr. Prefeito Municipal. (Lê o Ofício.)
"Of. nº 458/GP Paço
dos Açorianos, 11 de agosto de 1987.
Senhor Presidente:
Solicito a Vossa Excelência
seja retirado o PLE nº 063/86 – que dispõe sobre a realização de exame
psicológico para ingresso no Serviço Público Municipal – restituindo-o,
juntamente com o processo nº 01.032862.86.5, ao Executivo, por necessidade de
reestudo do assunto por parte da Secretaria Municipal de Administração.
Certo da atenção de Vossa
Excelência, envio-lhe meus cordiais cumprimentos.
(a) Alceu Collares,
Prefeito."
Em votação o Requerimento de
retirada da Ordem do Dia do PLE nº 63/86. Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0796 –
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 17/87, do Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Bartolomeu Bernardi uma
via pública.
Pareceres:
- da CJR. Relator, Ver. Luiz Braz: pela aprovação; e
- da CUTHAB. Rel., Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação.
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que aprovam o PLL nº 17/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento do
Ver. Hermes Dutra, solicitando seja o PLL nº 17/87 dispensado em avulsos e
interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 1262 –
PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 14/87, da Mesa, que disciplina o pagamento de diárias a vereadores e
funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre.
Obs.:
- Independente de Parecer (Art. 143, do Regimento
Interno).
A SRA. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores
que aprovam o PR nº 14/87 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a mesa, Requerimento do
Ver. Frederico Barbosa, solicitando seja o PR nº 14/87 dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os
demais Requerimentos constantes na Ata.)
A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PMDB, Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, venho a esta tribuna, na data
de hoje, para trazer a euforia do PMDB ante a atuação do Governador Pedro
Simon, em relação ao problema dos sem-terra no Rio Grande do Sul. Quando se
avizinhava uma convulsão social, no momento em que uma série de forças
apostavam na luta, apostavam no caos, apostavam na violência, o Governador
Pedro Simon, se reunindo durante quatro horas com os lavradores e com os
sem-terra conseguiu dar o primeiro passo efetivo, no sentido de uma reforma
agrária neste Estado, ao colocar à disposição destes trabalhadores 3.600
hectares de terra, mil dos quais serão ocupados imediatamente, por cerca de 180
famílias, e os restantes mais tarde. Marcou a data de ontem, realmente, o
início de uma virada histórica que o Governo do PMDB espera que ocorra no sentido
da luta dos sem-terra. E esta virada histórica foi reconhecida pelos sem-terra,
que perceberam a boa vontade, o interesse do Governo em resolver esta situação
e que retornaram aos seus pontos de origem com uma nova esperança, confiando na
palavra e na ação do Governador Pedro Simon.
É confortante, neste momento,
trazer a palavra da mais irrestrita e total solidariedade da Bancada do PMDB na
Câmara de Vereadores da Cidade de Porto Alegre à ação positiva, patriótica,
socialmente compreensiva, que teve o Governador Pedro Simon na data de ontem.
Terra existe para aqueles colonos que não a possuem e o Governo Pedro Simon
reconheceu isto ontem, dando o passo inicial, dando o exemplo no sentido de
colocar estas terras à disposição daqueles que as necessitam. Outros exemplos
virão, porque o Governo do Estado está fazendo um levantamento de todas estas
terras – e nisto contará com a ajuda dos lavradores, contará com a ajuda da
FARSUL, na busca destas terras que devem e serão entregues àqueles que a
necessitam.
De modo que nós, da Bancada do
PMDB, na Câmara de Vereadores, não poderíamos deixar passar esta oportunidade
histórica, e não poderíamos deixar de nos somar à voz e à atividade do
Governador Pedro Simon neste momento em que ele, pessoalmente, dirige uma operação
com tanto sucesso e com tanto alcance social, como foi a desativação, através
de uma medida efetiva e concreta, de todo o esquema de violência que estava
montado para conturbar o Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Passa-se às
COMUNICAÇÕES
Com a palavra o Ver. Jaques
Machado. Ausente. Com a palavra o Ver. Isaac Ainhorn, que cede o seu tempo ao
Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. No inicio da Sessão ouvi
alguns pronunciamentos, especialmente do Ver. Adão Eliseu e do Ver. Kenny
Braga, se manifestando a respeito da violência urbana. As considerações, apesar
de válidas, merecem, a meu ver, alguns reparos.
Vereadores colocaram o
problema social, o problema da fome e da miséria como única causa da violência
urbana. Ora, a situação não é bem assim, porque se formos analisar por este
ângulo, nós estarmos nivelando todas as pessoas pobres que lutam com o
sacrifício na vida, como criminosos em potencial. Na realidade isto não é
verdade. Eu costumo, quando falo neste assunto, citar o meu próprio caso para
não ofender outras pessoas. Sou uma pessoa oriunda de vila popular, tendo
morado na Vila São Gabriel e trabalhando na Vila Santa Luzia, então neste
argumento que é dado nesta Casa, eu teria que ser marginal. As condições seriam
para que eu fosse marginal, para que eu tivesse um comportamento anti-social.
Parece-me que não é por aí a coisa. Também é por aí, mas também não é só isso.
Se fosse assim, nos países desenvolvidos não existiria crime. Se sabe que
existe. Se a repressão é um mal, é um mal necessário. Tem que haver em
contraposição aos criminosos, os órgãos que defendem a sociedade. Vejo essas
pessoas que defendem os direitos humanos e acho interessante que defendem os
direitos humanos só daqueles que são desumanos, que matam. Não vi os defensores
dos direitos humanos saírem a visitar a família do Engº Sérgio Schapoval, que
foi covardemente assassinado na esquina da Ramiro com a Protásio Alves e vejo
só falar na violência que se pratica contra os presidiários, contra os
criminosos. Eu fico realmente a pensar que não é somente isso. Estou muito
inclinado a defender a pena de morte. Mas uma pena de morte criada de forma
diferente. Terá que ser para a pessoa condenada mais de 5 vezes, com a pena
superior a cem anos – e o nosso visitante aqui riu, mas nós devemos ter, no
Brasil, muito mais de mil presidiários com penas superiores não a 100 anos, mas
a 200 anos. Então, ao criminoso confesso, à pessoa que seqüestrou, assassinou
uma criança e foi pega em flagrante, assassinatos a menores. É claro que tem
que haver um cuidado sobre isso, mas alguma coisa tem que ser feita para que dê
um certo receio e não chegar ao ponto de, num morro, dizerem que lá não entra
ninguém e fica por isso mesmo.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Antes de V.
Ex.ª tocar nesse assunto, eu ia fazer uma sugestão de que os membros das
comissões de direitos humanos deveriam fazer uma cruzada de proteção aos
velhinhos aposentados, nas filas dos Bancos, nos dias em que eles vão receber
seu dinheirinho, para que os marginais também não levem seus trocadinhos. Isso
ninguém lembra de fazer, só lembram daquele que apanhou da polícia, pobrezinho,
mas não lembram quantos velhinhos ele assaltou na Rua da Praia, nas filas de
Bancos.
Agora, quanto à pena de morte,
Vereador, contra a qual me manifestei muitas vezes, e com critérios até acho
que poderíamos adotar, por esses dias foi-me dado a conhecer um relatório do custo
do encarcerado ao Estado, ou seja, ao nosso cidadão. O custo é altíssimo para
aqueles cidadãos reclusos, sem recuperação alguma, porque não se fala em
recuperação nesse tipo de presídio que temos. E, lembro ainda, a quadrilha da
semana passada. Muito obrigada.
O SR. JORGE GOULARTE: Há anos eu venho sugerindo, ao governo federal, que crie as
colônias agrícolas penais em grande número, colocando os prisioneiros a
trabalharem para que sejam responsáveis pelas suas famílias, pela manutenção da
família. A responsabilidade tem sido do Estado que fica com um duplo encargo. A
sociedade, em última análise, tem o encargo do próprio preso e tem o encargo
dos seus familiares.
Alguma coisa tem que ser feita
para que sejam também enaltecidas as pessoas que defendem as nossas vidas. Ah,
mas a polícia não é legal. Eu pergunto, então, como seria, então, sem policial
se com a polícia nós temos estes problemas. Não se consegue mais viver em paz.
E ficam aí os defensores de não sei que doutrina a defender. Os criminosos têm
que ser tratados a pão-de-ló, não tem colchão de mola, o ar condicionado não
está funcionando no presídio. Ora, mas convenhamos, vamos devagar. E a vida das
pessoas que foram eliminadas sem nenhum motivo. E o pobre agente penitenciário
que foi morto sem reação. Nem arma tinha, ele só abre o portão.
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria
dizer a V. Ex.ª que o chapéu costurado por V. Ex.ª agora, não serve para este
Vereador, porque eu sou um defensor intransigente da doutrina dos direitos
humanos. Mas não faço apologia do bandido e nem de banditismo. Tanto que quando
o engenheiro Sérgio Schapoval foi assassinado cruelmente, estupidamente, fiz um
discurso no meu espaço na Rádio gaúcha, às 11h30min, condenando a barbaridade
deste assassinato.
Agora acho, Vereador, que uma
sociedade que não pune os grandes criminosos de colarinho branco deste País,
que ludibriam, que trapaceiam e que prejudicam milhares de pessoas nesta
Cidade, não têm moral para condenar um bandido pé de chinelo. Eu até admito que
V. Ex.ª defenda a pena de morte. Mas defenda a pena de morte para o bandido
comum, para o bandido do morro, da favela e defenda a pena de morte para o
bandido de colarinho branco, do colarinho preto, do colarinho rosa, de todas as
cores, eu sou contra. Criminosos de todas as cores com gravata ou sem gravata.
O Sr. Ennio Terra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu
li no jornal, na parte humorística, que os presos agora vão reivindicar
aposentadoria por tempo de serviço.
O SR. JORGE GOULARTE: Por aí V. Ex.ª vê até onde vai o descalabro. Aí será um prêmio
matar, ficar sem fazer nada e se aposentar por não ter feito nada e por ter
matado as pessoas.
O Sr. Hermes Dutra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu
comentava aqui com o Ver. Nilton Comin que há uma incongruência no nosso
sistema e eu louvo o pronunciamento de V. Ex.ª para inserir o seguinte: um
cidadão com 35 anos, casado, com três filhos, é assaltado e assassinado.
Ninguém se preocupa absolutamente com o que vai acontecer com a família. Eu
até, acho que assim como o Estado tem obrigação de dar comida e teto para o
preso e chance de recupera-lo, tem a mesma obrigação com a família desse
cidadão. Tem que amparar essa família, essa mulher e essas crianças. Tanto é
obrigação do Estado com o preso para com as famílias que ficam desamparadas.
O SR. JORGE GOULARTE: Acho importante seu pronunciamento e me somo a ele e para que não
fiquem todas as pessoas pobres com a pecha de criminosas, eu dou o meu exemplo
para não constranger ninguém, morei, trabalhei em vila popular, no meio das
piores espécies possíveis, então eu teria que ser um criminoso em potencial...
O Sr. Kenny Braga: V. Ex.ª é um sobrevivente...
O SR. JORGE GOULARTE: Sou um sobrevivente em todo o Brasil, Ver. Kenny Braga, porque
não se pode colocar esta pecha de que todo pobre é um criminoso em potencial.
Eu sou contra isso. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, a Ver.ª Bernadete Vidal.
A SRA. BERNADETE VIDAL: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Lamento profundamente ter que
ocupar, novamente, a tribuna da Câmara para pedir providências ao Senhor
Governador do Estado e a esse cidadão que se dizia que era muito bom Prefeito
lá em Pelotas, o Sr. Bernardo de Souza, Secretário da Educação, que está, a
cada dia, afirmando mais a sua incompetência.
Após transcorridos alguns
meses de governo, desde março, ainda não temos um Diretor Administrativo, e o
que é pior, um Diretor Técnico para a Fundação Riograndense do Excepcional. Sem
contar que tentaram tirar o tapete do Presidente que estava por assumir, que
não é do meu partido, que não foi indicado por mim, pois não tenho qualquer
ingerência das indicações do PMDB. Mas, tentaram extinguir a Fundação de
Atendimento ao Excepcional e V. Ex.as
sabem disso. E tentaram criar uma sub-Secretária, que daria o precário
atendimento de antes ao deficiente do Rio Grande do Sul.
Tudo isso em nome de algumas
ideologias elitistas, tudo isso para que uma pessoa cega e um cidadão
deficiente não ocupem e não dirijam os destinos da Fundação que se propõe a
atender o deficiente. Parece que o Governador está brincando. Está brincando
com coisa muito séria, está esquecendo e renegando sei lá qual plano. Dez por
cento dos gaúchos, dos quais apenas nem dois por cento merecem o atendimento do
poder público estadual. O Governador Pedro Simon que fez tantas promessas
demonstra com esse seu esquecimento que sequer tem planos para atendimento de
deficientes do Rio Grande do Sul, do contrário – e tenho ouvido deputados e
pessoas dizerem – que teriam escolhido deputados e pessoas que estão
atrapalhando a máquina administrativa do PMDB. Mas, meu Deus do céu, que
incompetência. É só substituir, trocar, tirar o companheiro e pôr outro em seu
lugar. Assim, pode ser que funcione, ora. Até gostaria de acreditar. Ou, então,
estão brincando com uma coisa tão séria: dez por cento de gaúchos deficientes
ou o Governador fez promessas, ou mais prometeu do poderia cumprir ao dizer que
iria apoiar suas propostas, que tinha trânsito livre em Brasília para trazer
dinheiro para esse setor, só que passado todo esse tempo, ele não teve tempo,
mesmo através de seu Secretário de Educação, para nomear um diretor técnico,
para dirigir técnicos e professores, imprimindo a filosofia de educação e
atendimento em todo o Estado do Rio Grande do Sul. Quero registrar esse
lamentável esquecimento. Não chega, não basta que se atenda pouco, agora, nem
se está querendo atender.
Mais uma vez, prezado Líder do
PMDB, quero registrar, desta tribuna, este triste esquecimento, que não podia
ocorrer, Srs. Vereadores, a não ser que estejam querendo que a coisa não
funcione, a não ser pelo fato de ter um cego na direção, amigo pessoal do
Governador e que não é do meu partido, advogado do Município de Porto Alegre.
Advogado com folha de serviço prestado, advogado das vítimas da talidomida com
vitória contra os laboratórios internacionais. Com tudo isto, a não ser que não
queiram que esta pessoa logre êxito na sua função de Presidente. Se for isto,
meu Deus do céu, quanta má fé. Quanta tristeza ter que narrar da tribuna esses
fatos. Achavam que não deviam nomear este cidadão e mais outro, porque no
prédio da Fundação tinham muitas escadas. E o Ver. Flávio Coulon ouviu isto de
autoridades estaduais. Onde o deficiente não pode subir por rampas, ele sobe
por esforço próprio e de amigos. Ele está assumindo e vai assumir o seu papel,
cada dia mais, de cidadão, quer queiram, quer não queiram. Quer queira o Sr.
Governador, o Sr. Secretário e quer não queiram. Nós de todos os partidos,
indiferente e acima de qualquer partido, vamos dar apoio a FAERGS para que ela
funcione. Ela vai funcionar porque vamos dar apoio àquele Presidente do PMDB,
mas vamos ajudar acima de tudo a nossa causa a vencer. Não podemos pactuar com
tamanha indiferença dos poderes públicos estaduais. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Jorge Goularte): Com a palavra o Ver. Flávio Coulon pelo tempo que lhe cede o Ver.
Hermes Dutra.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu vou iniciar o meu período de
Comunicações trocando um pouco o assunto, já que eu usei o tempo de Liderança,
mas eu não posso deixar de me referir às palavras que eu ouvi, agora, por parte
da Ver.ª Bernadete Vidal. E não posso, também, Vereadora, deixar de trazer a
mais irrestrita e total solidariedade em relação ao seu pronunciamento.
Realmente é um vexame a Administração Estadual até hoje não ter preenchido os
cargos na FAERGS, como não preencheu em vários locais. Este vexame eu tenho
pago caro aí na rua. Hoje mesmo, me manifestava a respeito do Centro de Estudos
Supletivos que, desde o dia 10 de abril, tem uma lista tríplice em cima da mesa
do Secretário de Educação e nós somos incompetentes para escolher um destes da
lista tríplice. De modo que eu estou bastante à vontade porque recados, avisos
e memorandos, no Palácio Piratini, têm havido, por parte deste Vereador. E
temos gente muito boa indicada para a FAERGS. Temos companheiros de Partido que
sempre trabalharam pelo Partido e que por razões que a nossa vã filosofia
desconhece, até hoje, não foram referendados. De modo que eu estou muito à
vontade, não estou falando em tempo de Liderança, para trazer a minha total e
absoluta solidariedade a Ver.ª Bernadete Vidal e lhe dizer que a senhora tem
toda razão em reclamar e que estou estupefato com este vexame que nós estamos
dando com relação à indicação destes nomes. Então, fica este registro,
Vereadora, para demonstrar, também, que nós estamos preocupados e posso-lhe
garantir que farei chegar a minha indignação ao Palácio Piratini, novamente, a
respeito deste assunto.
Mas a matéria que me traz a
esta tribuna é registrar, com a mais imensa das satisfações, o sucesso que está
alcançando a terceira programação de férias da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, ativando o seu centro cultural, e colocando educação, cultura à
disposição da comunidade, que é a razão de ser última da Universidade. Falo
como Vereador e como professor da Universidade, dizendo do meu orgulho e da
minha satisfação em ver a Universidade Federal do Rio Grande do Sul faça uma
programação que se estende desde o dia 03 de agosto e que irá até o dia 14
deste mês, passa, uma vez mais, a se integrar dentro do panorama cultural da
nossa Cidade, e com um brilho fulgurante, que raras vezes temos alcançado nesta
Cidade. Nada menos do que trezentas e sessenta e seis atividades que, por sua
vez, se desdobram em várias outras. Está a Universidade Federal do Rio Grande
do Sul colocando à disposição da Cidade em termos de agronomia, de arquitetura,
de biociências, de educação, enfermagem, de educação física, de artes
plásticas, de atelier, de biotecnologia, de ciência, de cinema, de comunicação,
de dança, de ensino e educação, de espetáculos no salão de artes, de excursão e
visita, de exposições, atividades infanto-juvenis, informações e atividades
profissionais no futuro, literatura e língua, livro, música, pesquisa,
planetário, tecnologia, teatro. Tive, ontem, a emoção e a alegria de participar
do concerto do pianista Arthur Moreira Lima naquele Salão de Atos tão famoso e
tão querido da Cidade de Porto Alegre, que está agora em reconstrução. Cerca de
3.000 pessoas, a grande maioria jovens, se comprimiram naquele local, para
aplaudir um dos pianistas mais acarinhados do nosso País. Há poucos dias atrás,
a Universidade trouxe um grupo de invasores de propriedades, que foram lá
dialogar com os professores e alunos e levar a sua realidade, buscando junto
aos professores e alunos da Universidade esclarecimentos e ensinamentos, numa
troca de experiência que a todos deixou imensamente satisfeitos. É a
Universidade Federal do Rio Grande do Sul entendendo o seu papel de pólo de
radiação da cultura, o seu papel de retorno à comunidade numa forma não
convencional de apenas ensino e de apenas profissionalização dos seus alunos.
E é importante que se
ressalte, nesta Casa do Povo, que esta programação de férias da Universidade já
está inserida como um marco cultural que extrapolou a Cidade de Porto Alegre e
que, hoje, é reconhecido nacional e internacionalmente. É a Universidade
Federal chegando mais perto da sua Cidade, chegando mais perto do seu Estado. E
é preciso, neste momento, que se faça justiça desta tribuna àquele que foi, que
é o grande incentivador, propulsor e o pai dessa idéia magnífica que é o Prof.
Francisco dos Santos Ferraz. E ao homenagear desta tribuna o Reitor Francisco
dos Santos Ferraz, homenageio toda a equipe de trabalho que tem cercado, e
maravilhosamente, o Reitor Francisco dos Santos Ferraz. Falo em nome do Ver.
Jorge Goularte, que, neste momento, me dá a honra da sua solidariedade neste
pronunciamento, e tenho o prazer de ouvir o aparte do Ver. Hermes Dutra.
O Sr. Hermes Dutra: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Gostaria de
cumprimentar V. Ex.ª. V. Ex.ª está fazendo justiça a uma pessoa que, aliás, a
Casa já deveria, há mais tempo, ter salientado o trabalho excelente, endereçado
à Cidade, porque a Cidade, é a principal beneficiada, sob a batuta do Reitor
Francisco Ferraz. Parabenizo V. Ex.ª e me associo aos cumprimentos que V. Ex.ª
transmite, e sabendo de sua vivência lá, peço que transmita até de foro pessoal
ao Reitor. A Cidade está muito reconhecida pelo trabalho que ele vem fazendo.
O SR. FLÁVIO COULON: Sou grato. Ouço com atenção o Ver. Martim Aranha, que traz a
solidariedade pessoal, de Vereador, e de seu partido, o PFL.
Muito me honraram os apartes,
porque vejo que esta Casa realmente é sensível a essa iniciativa maravilhosa da
UFRGS. E, mais uma vez deixo aqui, em nome desta Casa, em nome da liderança do
PMDB os cumprimentos ao Reitor da Universidade e toda a sua equipe de trabalho,
desde os pró-reitores até àquele mais humilde operário que, ontem, ainda no
Salão de Atos, ultimando aquele local para a apresentação do pianista que
enlevou cerca de 3 mil pessoas. Gostaria de registrar com a condescendência da
Mesa que a segunda programação levou à Universidade cerca de 8 mil pessoas e
nessa terceira, sem dúvida nenhuma, este número será dobrado. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não
há "quorum", estão encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às
17h18min.)
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